Morando projeta que equipamento, que substituirá Museu do Trabalhador, será entregue em janeiro
A Justiça Federal autorizou o governo do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), a executar obras de adequação no antigo Museu do Trabalho e do Trabalhador, que será transformado em Fábrica de Cultura. A estimativa do tucano é entregar o equipamento, no Centro da cidade, até janeiro.
O prefeito revelou ontem o aval recebido pelo judiciário para as intervenções. Ele projetou assinar em setembro a ordem de serviço da obra, que terá duração de 150 dias.
“No fim de janeiro a obra estará pronta. Ao mesmo tempo, com autorização do (governador do Estado, João) Doria (PSDB), nós vamos assinar o convênio para fazer a gestão”, declarou. A Fábrica de Cultura será adequada pela Prefeitura de São Bernardo, mas a gerência ficará sob responsabilidade da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – que costuma terceirizar a administração para uma OS (Organização Social). Estimativa do chefe do Executivo é a de que a ordem de serviço seja cumprida na primeira quinzena de setembro.
O tucano disse que haverá aporte de R$ 5,5 milhões para conclusão da estrutura – embora ele tenha admitido que essa quantia pode ser menor devido à licitação. “Com a concorrência, a tendência são os valores caírem. O edital foi confeccionado com anuência do Ministério Público para que não paire nenhuma dúvida sobre a lisura do processo de contratação”, alegou o chefe do Executivo.
Outra medida que será adotada pela Prefeitura de São Bernardo é tentar, na Justiça, reaver parte dos R$ 76,1 milhões que foram bloqueados judicialmente de 20 acusados de irregularidades na implantação do Museu do Trabalho. O ex-prefeito Luiz Marinho (PT) e três ex-secretários (José Cloves, Osvaldo de Oliveira Neto e Alfredo Buso) estão entre os acusados. Morando só evitou detalhar como tentará obter esse recurso.
“Para terminar a obra eu vou pegar dinheiro do município, não tem convênio para concluir o prédio, nem da União nem do Estado. Aquilo que nós estamos colocando, que são estes R$ 5,5 milhões, eu entendo que podem ser ressarcidos. Se a gente conseguir isso, já seria uma grande vitória”, sustentou. “Ninguém queria ver isso aqui como museu do trabalhador até porque ele ficou rotulado como museu da corrupção.”
A Fábrica de Cultura irá ocupar a obra que inicialmente receberia o Museu do Trabalho e do Trabalhador, idealizado na gestão de Marinho, em 2012, com previsão de custo de R$ 18 milhões. O objetivo era contar a história fabril de São Bernardo, passando pelo período sindical. Desde o início a obra sofre desgaste político, com o questionamento de que a estrutura, com recurso da União, serviria para enaltecer a carreira política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), padrinho político de Marinho. O petista sempre negou cunho político desse projeto.
A construção travou ao longo do processo. Primeiramente por falta de verba. Depois por suspeita de irregularidades. O Diário mostrou que a empresa contratada para erguer o prédio, a Construções e Incorporações CEI, tinha como sócio um desempregado morador da periferia de Diadema. A situação parou no MPF (Ministério Público Federal).
No fim de 2016, o MPF e PF (Polícia Federal) deflagraram a Operação Hefesta, que levou à prisão dois secretários do então governo Marinho, além de empresários envolvidos no episódio – houve apontamento de desvio de recursos em diversas fases do projeto, o que Marinho nega.
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