Economia Titulo Ainda no vermelho
Construção demite nove por dia em 2017

Ritmo de cortes, porém, é o menor em 2 anos; total de operários em atividade é de 39.558

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
20/02/2018 | 07:28
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Nario Barbosa/DGABC


Os canteiros de obras do Grande ABC perderam 3.173 operários em 2017 – cerca de nove por dia, sendo a menor média em dois anos: em 2016, foram dez cortes por dia e, em 2015, 11. Todavia, o resultado ainda não chegou ao patamar de 2014, quando houve quatro dispensas diárias, e o saldo (contratações menos demissões) estava negativo em 1.528 postos. “O ano passado não foi um dos melhores, mas, pelo menos, não tivemos grandes perdas”, avalia Rosana Carnevalli, diretora regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), entidade responsável pelos dados.

O estoque de trabalhadores nas sete cidades encerrou o ano passado em 39.558, ante 40.954 em 2016. “Algumas obras que não pararam com a crise, pois já vinham de três ou quatro anos atrás, no entanto, elas terminaram e seus trabalhadores foram demitidos. Diferentemente de uma empresa, em que a planta é sempre a mesma, na construção, cada obra é uma planta e, por isso, há o giro de funcionários”, explica Rosana.

Em 2010, ano em que a construção estava em plena expansão, o total de operários em atividade no Grande ABC era de 48.104 – 8.546 a mais do que no ano passado. Rosana afirma que, para voltar a esse patamar, serão necessários, pelo menos, mais quatro anos. “Se não tivermos nenhum fator como o boom das obras, este processo será gradual.”

São Bernardo e Diadema amargaram os piores resultados ao longo do ano passado, com a extinção de 877 e 791 postos, respectivamente. “É um ciclo, conforme a indústria se recupera, o medo de perder o emprego diminui e a confiança para voltar a comprar imóveis cresce, impulsionando a construção”, exemplifica. Outro fator que já vem aquecendo o setor é a retomada de obras públicas, especialmente em São Bernardo.

Embora tenha dispensado 245 funcionários no período, São Caetano conta com o maior estoque – 11.732 trabalhadores. Rosana comenta que as contratações ainda são impulsionadas pelos novos empreendimentos no bairro Cerâmica. “É como se um novo bairro estivesse nascendo.”

Em contrapartida, José Maria de Albuquerque, presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo) são-caetanense, afirma que os canteiros de obras estão paralisados. “Todos os prédios já foram entregues. As obras estão vazias. O desemprego está batendo à porta do setor”, desabafa.

Ainda segundo o sindicalista, a entidade homologou 2.000 trabalhadores em 2017. “Além disso, também tem aqueles que negociaram a demissão direto com a construtora, depois da reforma trabalhista. Não foram apenas 245 como diz o levantamento.”  




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