Política Titulo Museu do Trabalhador
S.Bernardo paga R$ 313 mil a mais do autorizado em museu

Gestão depositou R$ 21,99 mi à CEI, mas
Ministério da Cultura limitou em R$ 21,68 mi

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
18/12/2016 | 07:00
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DGABC


A Prefeitura de São Bernardo repassou recursos acima do liberado pelo Ministério da Cultura para a construtora do Museu do Trabalho e do Trabalhador. Dados do Portal da Transparência do Paço indicam que a Construções e Incorporações CEI recebeu R$ 313,9 mil a mais do que o autorizado pelo governo federal. Foram, entre 2012 e 2016, transferidos R$ 21,99 milhões à CEI, enquanto que a obra – com seus aditivos – teria de consumir até R$ 21,68 milhões.

Na semana passada, a construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador foi alvo da Operação Hefesta, da PF (Polícia Federal) e do MPF (Ministério Público Federal). Há suspeitas de que empresários e servidores desviaram R$ 7,9 milhões do empreendimento. Dois secretários do governo de Luiz Marinho (PT) seguem presos: Osvaldo de Oliveira Neto, de Cultura, e Alfredo Buso, de Obras.

Inicialmente a obra estava orçada em R$ 18 milhões, mas a gestão Marinho requereu série de prorrogações contratuais com aumento do repasse do governo federal. O limite estipulado pela União ficou nos R$ 21,68 milhões. Mas Marinho já preparava nova solicitação de aditamento – em novembro, em vistoria ao canteiro, o prefeito declarou que precisava de mais R$ 3,5 milhões para concluir o projeto até o fim do ano.

Por determinação da Justiça Federal, a obra foi embargada e não será entregue no último prazo estipulado por Marinho. Aliás, o empreendimento cultural era para ter sido inaugurado em janeiro de 2013, ficou dois anos parado e acumulando lixo.

O prefeito eleito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), já iniciou tratativas para alterar o objeto do edifício. Em vez de Museu do Trabalho e do Trabalhador, o tucano quer instalar uma Fábrica de Cultura, projeto patrocinado pelo governo do Estado, gerido pelo tucano Geraldo Alckmin. Novo ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS) analisa a possibilidade de se mudar a finalidade do projeto.

A Prefeitura de São Bernardo não respondeu aos questionamentos da equipe do Diário sobre os valores acima do limite estipulado pelo Ministério da Cultura. A Pasta federal, quando deflagrada a Operação Hefesta, afirmou ser “a principal interessada no esclarecimento de eventual desvio de recursos repassados para a construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador de São Bernardo”. “O MinC tem colaborado e continuará colaborando para que haja esclarecimento de todas as questões referentes ao caso e está à disposição para o que se fizer necessário para seu rápido esclarecimento.”

Amizade do sogro deu cargo a Neto


Preso na terça-feira na Operação Hefesta, conduzida pela PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal), o secretário de Cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto, chegou ao cargo no primeiro escalão da cidade pela relação de amizade do prefeito Luiz Marinho (PT) com sua família.

Neto, como é conhecido, é casado com Simone Higuchi, filha de Sadao Higuchi, amigo de Marinho desde os tempos de Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Sogro de Neto, Higuchi foi tesoureiro da entidade e braço direito do petista durante sua passagem pela presidência da instituição sindical entre 1996 e 2003 – antes, atuaram na direção do grupo nos anos de 1980. Higuchi morreu em 1998, em Bragança Paulista. A amizade era tamanha que Marinho fez questão de homenagear o antigo sindicalista dando seu nome à Emeb no Jardim Calux.

Apontado pelo MPF fraudador do contrato de construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador – em que teriam sido desviados R$ 7,9 milhões, ainda de acordo com o MPF –, Neto chegou ao comando da Secretaria de Cultura no fim do primeiro mandato de Luiz Marinho. Acabou se firmando em um setor que já teve como secretários Celso Frateschi, Leopoldo Nunes e até mesmo o vice-prefeito Frank Aguiar (PRB).

Neste mandato, Osvaldo de Oliveira Neto teve atrito com secretários e quase deixou a administração. RR 




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