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Falta de postos inflaciona preço de bilhete de trólebus

Usuários da região chegam a pagar até R$ 0,80 a mais pela tarifa, cujo valor oficial é R$ 3,70

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
22/11/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A falta de postos credenciados para a venda de bilhetes de trólebus aliada à ausência de fiscalização por parte da Metra, concessionária responsável pelo sistema, tem causado transtornos aos usuários do corredor ABD (Jabaquara/ São Mateus) na região. Sem opções, passageiros que ainda dependem do passe de papel são obrigados a recorrer ao comércio irregular, que de forma abusiva chega a cobrar até R$ 0,80 a mais pela passagem – o valor é 21% mais caro do que a tarifa oficial, de R$ 3,70.

Apesar da situação já ter sido alvo de denúncia do Diário em 2013, quando vendedores repassavam o bilhete aos passageiros com tarifa R$ 0,30 superior ao valor correto, o problema ainda é recorrente. Durante a semana passada, a equipe de reportagem percorreu paradas do trólebus distantes dos terminais de Santo André e São Bernardo e constatou as dificuldades dos usuários do sistema.

Para embarcar nos trólebus, os passageiros devem dispor de bilhetes de papel ou do Cartão BOM, que pode ser adquirido gratuitamente. Os coletivos não têm cobrador e, por isso, não aceitam pagamento em dinheiro. A compra dos passes e recarga dos cartões podem ser realizadas em postos autorizados espalhados pelo Corredor ABD ou nos terminais.

Um dos exemplos de falta de organização está em região de grande fluxo de pessoas, no ponto de trólebus da Avenida Pereira Barreto, altura do número 49, proximidades do Shopping ABC, Hospital Brasil e Hospital Estadual Mário Covas. Na terça-feira, durante o período da tarde, nenhum dos dois postos credenciados pela Metra tinham bilhete para a venda. Sem alternativas, passageiros tiveram de recorrer ao comércio paralelo.

Em restaurante localizado na Rua Coronel Fernando Prestes, 981, o preço cobrado pelo bilhete é R$ 4,50. Questionada sobre o valor, a atendente do estabelecimento chegou a afirmar que que “só nos terminais o preço é R$ 3,70”. A mesma justificativa foi dada por vendedora de uma banca de frutas na Avenida Pereira Barreto, onde o passe custa R$ 4.

“Não temos opção. É muito difícil encontrar o bilhete, então acabamos nos permitindo pagar mais ao invés de ficar caçando um local com o preço correto”, revela a professora Tania Maria de Abreu, 49 anos.

Apesar de dispor do Cartão BOM, a dona de casa Maria Cleunice de Souza, 50, também enfrenta o problema de cobrança abusiva. “Estou sem carga no cartão e cheguei a pagar R$ 4,30 pelo bilhete. Hoje (quarta-feira), encontrei por R$ 4. É um absurdo não encontrar posto de venda autorizado no Centro de São Bernardo”, reclama a usuária. Ela faz uso do trólebus diariamente na parada Vera Cruz, localizada na Avenida Lucas Nogueira, altura do número 668.

Usuários consideram que o problema poderia ser resolvido caso o sistema aceitasse o pagamento em dinheiro. Questionada desde terça-feira sobre a venda irregular de bilhetes, a Metra, responsável pela operação do corredor e também pelo credenciamento dos postos de venda, limitou-se a dizer em nota que as duas unidades de Santo André citadas na reportagem não são postos oficiais.

Em relação à quantidade de locais disponíveis para compra e sobre o trabalho de fiscalização do comércio irregular, a concessionária se calou até o fechamento desta edição.

Comerciantes alegam que lucro com a venda dos passes é baixo

A ausência de postos credenciados pela Metra para a venda de bilhetes para o embarque nos trólebus se dá pelo considerado baixo lucro com a comercialização dos passes pelos revendedores.

De acordo com comerciantes, o bilhete é repassado pela Metra com desconto de 3% sob o valor original de R$ 3,70. Isso significa que comprando por R$ 3,58 os postos de venda lucram R$ 0,12 com cada passe de papel. “É um valor muito baixo. Não dá lucro nenhum. Só temos para atrair clientes para nossa loja de conveniência”, relatou o gerente de posto de combustível localizado próximo a Parada Vera Cruz, em São Bernardo, Fabricio de Freitas.

Para funcionária de posto credenciado próximo ao Shopping ABC, em Santo André, a venda de bilhetes ainda tem outro impasse. “Eles (a Metra) não nos dão prazo para pagar. Quando queremos o bilhete, precisamos pagar à vista. Então, dificulta bastante, já que não nos dá muito lucro”. Ainda segundo a colaboradora, que não quis se identificar, o estabelecimento compra semanalmente 600 passagens. “É só uma forma de atrairmos clientes. Acaba muito rápido.”

Questionada sobre o valor da venda do bilhete para os postos credenciados, a Metra não retornou ao Diário




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