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Em busca de um novo alvo
Carlos Brickmann
Para o Diário do Grande ABC
04/03/2015 | 07:00
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Lula pediu à CUT que desista das manifestações nacionais que marcou para sexta, 13 de março. Há quem pense que é para evitar um fiasco – é difícil manifestar-se ‘em favor da Petrobras’ ao lado do pessoal que passou os últimos anos a sugá-la. Há quem pense que é para evitar que a manifestação marcada para o domingo, dia 15, contra o governo, ganhe mais ímpeto. Nada disso: o governo federal quer concentrar todas as forças, na sexta-feira, 13, no Paraná. O objetivo é demonizar o governador paranaense, o tucano Beto Richa, e criar outro alvo que tire Dilma do foco das notícias negativas. Culpar só FHC já não é suficiente. Beto Richa enfrenta série de problemas neste início de segundo mandato. A Associação Paranaense de Professores, radicalizadíssima, ligada a partidos como Psol, PSTU e também PT, está em guerra com o governador. Richa enfrenta a necessidade do ajuste fiscal, sempre doloroso e impopular. O Paraná – que formava com São Paulo a dupla de Estados que o PT tinha como prioritários em 2014, e nos quais perdeu já no primeiro turno – é visto como possível contraponto ao desmanche do prestígio do governo federal. É lá o foco da luta. Grandes grupos de militantes pró-PT estão sendo enviados ao Paraná – CUT, MTST, MST – que Lula chamou de ‘exército de Stédile’, referindo-se ao chefe dos invasores de terras. Devem manifestar-se na sexta, 13, contra Beto Richa e os tucanos; e ficar por lá no mínimo até domingo, 15, para contrapor-se às manifestações contra o governo federal. O clima em Curitiba é o mais quente do País.

Os mascarados
Isso não significa que grupos mais radicais pró-governo tenham desistido do dia 15. O que se comenta é que pelo menos os black-blocs estarão nas ruas, nas 50 cidades em que estão marcadas manifestações antigovernamentais, para tentar no mínimo tumultuar e descaracterizar o caráter político do evento.

Levy e Dilma
Chega de ‘mimimi’: a frase do ministro Joaquim Levy, a respeito do custo da brincadeira da desoneração, não tem nada de ofensivo. Nem significa, a propósito, que o governo tenha brincado. A palavra visivelmente foi usada no sentido de ‘situação’. Empresário, depois de investir em modernização, pode dizer ‘a brincadeira custou ‘X’ milhões; Pai, falando sobre a festa de casamento da filha, diz que gastou ‘X’ milhares de reais na brincadeira. O governo já enfrenta problemas de verdade em quantidade suficiente, não precisa brigar por bobagem.

Por debaixo dos panos
Por que Renan Calheiros fez desfeita à presidente Dilma, aceitando (e rejeitando em cima da hora) convite para jantar? A resposta certamente não é a de que, podendo estar na lista dos nomes enviados pelo procurador Rodrigo Janot ao Supremo, estaria evitando criar problemas. Nada disso: Renan preferiria ir ao jantar, fazer-se fotografar abraçado à presidente e deixar que seus eventuais problemas recaíssem também sobre ela. Talvez sua ausência tenha mais a ver com a escolha do substituto de Sérgio Machado para a Transpetro. O cargo sempre foi de indicados de Renan, e ninguém o consultou até agora. O vice-presidente Michel Temer disse que não havia mal-estar algum com a imprevista ausência de Renan. Só falta esclarecer que, no PMDB, até o imprevisto é combinado. E sempre gera vantagens para o partido e seu comando.

A volta de Battisti
E, como se fossem poucos os problemas já enfrentados pela presidente Dilma, há reviravolta no caso de Cesare Battisti, italiano condenado em seu país por quatro assassínios e que vive no Brasil, depois que o então presidente Lula rejeitou sua extradição: a Justiça Federal determinou que seja deportado. A decisão da juíza Adverci Rates Mendes de Abreu, da 20ª Vara do Distrito Federal, foi tomada em ação civil pública movida pelo Ministério Público contra a concessão de visto a Battisti. Importante: deportação não é extradição. Extradição seria devolvê-lo à Itália, para cumprir pena. Deportação é obrigá-lo a deixar o Brasil para qualquer outro país que o aceite. 




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