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No poder, Pinochet acumulou uma fortuna de US$ 28 milhões
Da AFP
10/12/2006 | 19:29
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O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, morto neste domingo aos 91 anos, possuía apenas uma modesta casa de classe média e um pequeno automóvel quando chegou ao poder em 1973, mas 17 anos depois saiu de cena com uma fortuna que pode superar os US$ 28 milhões.

A fortuna pessoal acumulada pelo general Pinochet foi descoberta em julho de 2004, quando uma comissão do Senado dos Estados Unidos revelou que, entre 1994 e 2002, manteve contas secretas no Riggs Bank de Washington. A defesa de Pinochet reconheceu o dinheiro depositado nos Estados Unidos e disse que provinha de poupança pessoal, doações e da rentabilidade de investimentos realizados por seus assessores financeiros.

O advogado Oscar Aitken, que foi testamenteiro de Pinochet durante dois anos até renunciar em dezembro de 2004, afirmou que o general podia justificar uma fortuna de quase US$ 15 milhões, quase o dobro dos primeiros depósitos descobertos no Riggs Bank. Mas os juízes Sergio Muñoz e Carlos Cerda, que investigaram a origem dos recursos de Pinochet e sua família, estimou o valor desse patrimônio em mais de US$ 28 milhões.

Aitken explicou que a base da fortuna de Pinochet são os US$ 118 mil que poupou na década de 60 enquanto foi adido militar no Equador, mais bens de raiz e valores mobiliários, os quais declarou em 1973, quando tomou o poder. Em 1989, segundo Oscar Aitken, os dólares haviam aumentado para 458 mil, que depois foram multiplicados pelas gestões realizadas pelo próprio dono do Riggs Bank, Joseph L. Albritton. "Nada mais que fazendo exercícios financeiros, é possível justificar entre US$ 8 e US$ 15 milhões, baseando-se só em suas poupanças, doações e nas rentabilidades", disse Aitken em 2004.

No Chile, Pinochet adquiriu 11 propriedades por um valor de 825 milhões de pesos (US$ 1,3 milhão), segundo relatórios da consultora privada Dicom. Sua esposa, Lucía Hiriart, também possui bens em seu nome.

O patrimônio de Pinochet inclui dois apartamentos em Viña del Mar, uma residência na cidade de Iquique, um extenso terreno com casa em El Melocotón, sudoeste de Santiago, além de uma luxuosa residência no bairro de La Dehesa. Pinochet comprou também uma confortável residência de descanso en Los Boldos, na zona costeira de Bucalemu, 120 km a oeste de Santiago.

Seus cinco filhos acumulam também uma importante quantidade de bens. Sua filha mais velha, Lucía, possui seis propriedades imóveis declaradas por um montante de 320 milhões de pesos (US$ 500 mil), enquanto que Verónica Pinochet é dona de quatro bens avaliados em mais de 165 milhões de pesos (US$ 270 mil), segundo informes comerciais. Os outros três filhos, Augusto, Jaqueline e Antonia, declaram propriedades por montantes menores.

Em outubro passado, os tribunais iniciaram uma investigação por um suposto depósito de 9,6 mil kg de ouro que Pinochet teria ocultado num banco de Hong Kong por um valor próximo aos US$ 190 milhões.

Segundo um relatório enviado à chancelaria chilena pelo consultor Albert Landry, que se move no mercado de ouro de Los Angeles, Califórnia, existem doze documentos que apontam Pinochet como dono de um depósito no HSBC (Hongkong & Shangai Banking Corporation). A entidade bancária britânica assegurou que esses documentos "são falsos", mas o juiz chileno Juan González iniciou uma investigação para verificar a autenticidade do depósito e a origem da versão.

Filho de um modesto agente de aduana, Pinochet tinha 58 anos quando chegou ao comando-em-chefe do exército do Chile em 23 de agosto de 1973 e liderou, três semanas depois, o violento golpe de Estado que derrubou o presidente socialista Salvador Allende. Até essa data, vivia junto com sua esposa e seus cinco filhos numa modesta casa no bairro de Ñuñoa, sul de Santiago, e tinha um automóvel, como a maioria dos generais do exército dessa época, segundo uma extensa reportagem publicada pela extinta revista Análisis em novembro de 1989.




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