Postes tortos, estruturas de distribuição quebradas, falta de manutenção e pouco investimento na rede de energia elétrica do Grande ABC. A AES Eletropaulo passa por um momento de reestruturação, que inclui corte de gastos e demissões. Ao diminuir a mão-de-obra especializada, a empresa potencializa o sucateamento dos serviços.

É o que afirmam funcionários, ex-empregados da empresa e o Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo. “Esta é a pior estrutura da Eletropaulo em todos os meus mais de 30 anos de empresa”, afirma um dos trabalhadores, que prefere não se identificar.

“As redes ruins e o mau atendimento não é por falta de recurso financeiro da empresa, mas eles querem lucro a qualquer custo, acima da qualidade”, critica Eduardo Correia Annunciato, o Chicão, secretário-geral do sindicato.

A AES Eletropaulo nega as acusações de abandono da rede. “Temos indicadores muitos bons, que superam a exigência do órgão regulador (CSPE - Comissão de Serviços Públicos de Energia)”, rebate Roberto Mário di Nardo, diretor executivo de distribuição da AES Eletropaulo.

Desde 1998, quando a distribuidora foi adquirida pela AES em processo de privatização, houve quatro reestruturações. A atual consiste na centralização de serviços para redução de custos e demissões.

DESCASO - A falta de manutenção é visível em todas as cidades do Grande ABC. Em São Bernardo, há diversas estruturas de sustentação de cabos de distribuição do Corredor ABD avariados.

Em Mauá, na Avenida Portugal, a cruzeta – braço de madeira que sustenta a fiação – está quebrada. E em Santo André, postes tortos e em mau estado de conservação também são aparentes. “Basta olhar para cima que dá para ver tudo caindo. E não é só no Grande ABC, mas em toda a Região Metropolitana de São Paulo”, conta outro funcionário.

Em 2006, o faturamento da AES Eletropaulo foi de R$ 8 bilhões. Já em 2007, os três primeiros trimestres somam R$ 5,256 bilhões.