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Menopausa precoce abrevia o sonho da maternidade
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
22/07/2012 | 07:00
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Ondas de calor, suor noturno, irregularidade menstrual, dor de cabeça, alterações na pele e nos cabelos, diminuição da libido e cansaço extremo. Esses são sintomas conhecidos por mulheres entre 40 e 50 anos que sofrem com a menopausa - período em que há queda na produção de hormônios e fim do ciclo reprodutivo. 

O que muitas jovens mulheres não sabem é que esses mesmos sinais do corpo feminino podem surgir antes dos 30 anos e estragar os planos de futuras gestações. A menopausa precoce, que atinge atualmente 1% das mulheres do mundo, tem potencial para inviabilizar o sonho da maternidade em plena idade reprodutiva. Na maioria dos casos, a chance de ter filhos é inferior a 10%. 
As causas são pouco conhecidas. Pré-disposição genética, histórico de quimioterapia ou radioterapia e doenças autoimunes estão entre os motivos mais citados por especialistas. Mulheres que desenvolvem FOP (Falência Ovariana Prematura) têm interrupção no ciclo menstrual por pelo menos um ano, além de apresentarem altas taxas de FSH (Hormônio Folículo Estimulante). 

Por isso, é importante estar em alerta às mensagens do corpo. "Ninguém acorda menopausada. O período de transição, nessas mulheres é de cerca de um ano. Os sintomas vão aparecer e é necessário buscar tratamento. Elas vão precisar fazer reposição hormonal (estrogênio) antes de alcançar a falência ovariana. Quando chega nesse período, não há mais como engravidar", disse o ginecologista Emerson Barchi Cordts, coordenador clínico do Instituto Ideia Fértil, de Santo André. A entidade sem fins lucrativos é ligada ao Serviço de Reprodução Humana e Genética da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).

Mesmo quando todas as possibilidades de engravidar se esgotam é preciso continuar com a ingestão de hormônios para o resto da vida. A recomendação ajuda a evitar o surgimento precoce de doenças cardiovasculares e osteoporose, que podem aparecer antes dos 45 anos. Já a gestação só é possível com a fertilização in vitro, técnica de reprodução assistida. A mulher brasileira geralmente desenvolve sintomas da menopausa aos 48 anos, ou aos 46 para fumantes. 

ALERTA
De acordo com o ginecologista da FMABC, as mulheres modernas precisam ter mais atenção aos sinais do corpo. Isso por causa do comum adiamento da gravidez em nome de obrigações profissionais. Quando o desejo da maternidade aflorar, pode ser tarde para buscar a reversão do quadro de infertilidade - mesmo com opção de tratamento de reposição hormonal.



Transmissão genética dificulta tratamento 
É mais comum reverter a propensão à infertilidade quando a causa está no histórico de tratamento oncológico ou doenças autoimunes, como artrite, inflamações na tireóide ou endometriose. 

No entanto, a chance é menor entre mulheres que herdaram a síndrome pela genética. "Não é que o fator imunológico sempre será reversível, mas em alguns casos isolados a paciente pode ter de volta a função reprodutiva com a reposição hormonal", explicou o coordenador do Instituto Ideia Fértil, Emerson Cordts.
Uma pesquisa comandada pelo ginecologista monitora atualmente 73 mulheres com menopausa natural. Com mapeamento genético, é possível identificar à tempo outros casos na família. Irmãs e primas de primeiro grau são as mais afetadas.

Mulheres que estão em tratamento oncológico e temem ter falência prematura dos ovários podem recorrer ao congelamento do óvulo e do sêmen do parceiro. O serviço é disponibilizado gratuitamente. Informações podem ser obtidas pelo telefone 4433-2830. 

De acordo com o especialista, 50% das pessoas que passam por tratamentos de câncer ficam inférteis. "Cada vez mais os jovens são acometidos pelo câncer. Eles podem tratar a doença e continuar fértil. Ótimo. Caso contrário, têm material congelado."


‘Ser mãe é desejo antigo. Mantenho as esperanças'

Aos 26 anos, Sueli Vivela Wolf, hoje com 43, notou que estava com dificuldades de engravidar e apresentava todos os sintomas da menopausa, como ondas de calor, transpiração noturna e irritação.
Um ano depois, passou a tomar remédio regularmente para repor os hormônios que deixou de produzir. A diarista nunca menstruou naturalmente e estimula a ovulação com o uso de medicamentos. 

O diagnóstico da menopausa precoce veio aos 29. Desde o ano passado ela vem ao Grande ABC pelo menos uma vez por mês para dar sequência ao tratamento iniciado no Instituto Idéia Fértil, em Santo André, localizado no campus da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC). 

A herança genética dificulta o sucesso no tratamento, que inclui realização de exames para acompanhamento da taxa hormonal, mas não coloca fim à expectativa da paciente. As esperanças são mantidas ao lado do marido. "Quando soube o impacto foi grande. Me deprimi alguns dias, mas dei a volta por cima e procuro me fortalecer pela fé em Deus. É complicado porque ser mãe é um desejo antigo, mas mantenho as esperanças", disse. A irmã, um ano mais jovem, faz o mesmo tratamento. 

Caso não consiga pelos métodos naturais, a paciente optará pela doação de óvulos. Nesse tipo de tratamento, os óvulos doados são fertilizados com os espermatozóides do parceiro da mulher que irá receber os óvulos (receptoras). Após a formação dos embriões, esses são transferidos para o útero das receptoras. A taxa de sucesso do método é de 50%.


PROGRAMAÇÃO 

Santo André comemora Dia Internacional da Mulher Negra

A Secretaria de Governo da Prefeitura de Santo André realiza amanhã, das 14h às 17h, no Cesa Cata Preta, evento que marca as comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data, originalmente comemorada em 25 de julho, foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1992, para homenagear a luta das mulheres negras que vivem na América Latina e Caribe.

As edições anteriores em referência à data na cidade foram voltadas à autoestima e ao setor profissional. Em 2010 foi realizada a palestra Mulher Negra e o Mercado de Trabalho, e no ano passado, os participantes contaram com série de workshops sobre A Imagem do Negro(a) e o Mercado de Trabalho, cujo encerramento foi marcado pelo lançamento da Coleção de Verão 2012 do estilista Arnaldo Ventura, morador da cidade, na Casa da Palavra. 

"Neste ano pretendemos levar informações sobre a situação das mulheres negras no Brasil, com a intenção de provocar a reflexão sobre as questões de autoestima, violência doméstica e empoderamento, por meio de atividades lúdicas com a participação da comunidade", afirma a assessora de Políticas Afirmativas do Departamento de Humanidades da Secretaria, Carmen Jane dos Santos Pinto Castilho. 

A programação do evento inclui apresentação de fotos, conscientização do público sobre a data, exibição de cenas de filmes a respeito do tema, além de debate sobre o conteúdo cinematográfico e a realidade da mulher negra. Para encerrar, haverá prática de atividades físicas, que incluem danças latinas e caribenhas. 
O Cesa Cata Preta fica na Estrada da Cata Preta, 810, no bairro.




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