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Roupa outono-inverno tem preços elevados
Leone Farias
Da Redaçao 
04/05/1999 | 00:23
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O comércio de vestuário deve apresentar este ano a coleçao outono-inverno com preços ligeiramente maiores do que a do ano passado. Segundo fabricantes e lojistas, este será o reflexo da desvalorizaçao do real, efetuada no início do ano, época em que sao realizadas as vendas do atacado para o varejo.

   Segundo a diretora da Abit (Associaçao Brasileira da Indústria Têxtil) Sônia Hess, as roupas de inverno chegarao este ano ao consumidor final um pouco mais caras tanto pelos custos dos componentes importados quanto pelas novas tabelas do algodao, que é uma commoditie - produto com cotaçao no mercado internacional.

   Para o lojista Hamilton Matjosius, proprietário da Tricot Malhas, localizada no Centro de Santo André, tanto o preço da fiaçao quanto o componente importado trouxeram aumento de custo. "Nós, comerciantes, acabamos pagando a conta, já que nao podemos repassar integralmente esses aumentos."

   Matjosius afirma que procurou produtos mais simples e acessíveis, como roupas de meia-estaçao, com tecidos mais leves e com menos tramas, para obter resultados melhores de vendas. "Espero que o frio nao aumente muito."

   A gerente da Clínica da Moda, de roupas femininas, de Santo André, Kae Kim, também observa que os artigos de inverno estao um pouco mais caros. "Os fabricantes fizeram a negociaçao quando o dólar estava mais alto."

   O economista da ACSP (Associaçao Comercial de Sao Paulo), Emílio Alfieri, estima, em média, elevaçao em torno de 2% no varejo, apesar da pressao do custos dos importados. "A demanda está muito fraca, nao há muito espaço para aumentos de preços."

   Avaliaçao semelhante tem o coordenador do IPC-Imes (Indice de Preços ao Consumidor do Instituto Municipal de Ensino Superior), de Sao Caetano, Osmar Domingues. "A elevaçao será pequena e vai depender também do clima. Se for um inverno mais intenso, haverá espaço para os reajustes."

   O presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário Infanto- Juvenil do Estado de Sao Paulo, Stefanus Anastassiadis, avalia que houve elevaçao de 20% neste ano nos custos de tecidos de algodao e de 20% a 45% nos artigos sintéticos e artificiais.

  Perspectivas - O setor tem perspectivas de, pelo menos, obter vendas semelhantes às de 1998. O clima, mais frio este ano, é um dos fatores que favorecem a venda desses itens de vestuário, com maior valor agregado do que as roupas de verao. Outro fator seria um ganho de competitividade em relaçao aos produtos importados.

   Anastassiadis projeta para o setor de confecçoes vendas semelhantes. "Depois da desvalorizaçao, o produto nacional ficou mais competitivo." Mas ele acrescenta que uma retomada será sentida apenas no segundo semestre.

   A diretora da Abit tem a mesma opiniao. Sonia avalia que o mercado brasileiro tem grande capacidade de se adaptar. Adaptar-se à crise é a palavra de ordem para a lojista Roseli Frare, da Maison Rhose, de moda feminina, de Sao Bernardo. "Quem nao se adapta nao sobrevive." Ela diz que neste ano optou por 100% de produtos nacionais, como taillers, saias e calças. "Ainda estamos no começo das vendas da nova coleçao, mas tentamos colocar um preço acessível para poder vender."

A Graywa Confecçoes, de Mauá, também teria ampliado a preferência pelos itens nacionais. "Esperamos boas vendas, o mercado está mais competitivo", disse o diretor Rodrigo Simeonato.




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