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Imagens de fé e morte
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
17/03/2009 | 07:00
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Imagens em cores vibrantes e com forte simbolismo marcam o trabalho do renomado artista plástico são-bernardense Stephan Doitschinoff. Detentor de um extenso e prestigiado currículo - que inclui trabalhos para medalhões do heavy metal como o Sepultura, além de exposições em galerias europeias e norte-americanas -, ele apresenta em suas produções uma visão crítica e impactante do universo religioso.

Uma amostra desse potencial criativo poderá ser conferida em abril, quando a editora Gestalten lançará o livro "CALMA - The Art of Stephan Doitschinoff". O título refere-se ao pseudônimo que o autor utiliza desde os tempos em que produzia grafites com estênceis nos muros de São Paulo. Em latim, a palavra é uma contração do termo con alma.

"As imagens eram de pessoas perturbadas. Eu colocava a palavra calma para fazer um contraponto", explica o artista autodidata, atualmente responsável pela curadoria do MCD Lab, evento audiovisual promovido na Capital, até dia 23, por uma marca de artigos de surf (à Rua Desembargador Ferreira França, 368. Site www.mcdlab.com.br).

O livro traz suas criações mais significativas nos últimos três anos, incluindo reproduções de pinturas feitas na cidade de Lençóis, no interior da Bahia, para onde ele se mudou em busca de inspiração e tranquilidade. No município baiano, pintou casas, painéis e a Capela de Santa Luzia, local em que são velados os mortos. "Teve gente que gostou, mas tive um mural com um anjo do Apocalipse e igrejas afundando em um mar de sangue que foi apedrejado".

RELIGIÃO - Neto de búlgaros e filho de um pastor evangélico alemão que chegou ao País em busca de oportunidades após a Segunda Guerra, o pintor, de 32 anos, mudou-se de São Bernardo para São Paulo ainda criança e cresceu tendo como playground a igreja Ação Bíblica do Brasil. "Minha mãe era diretora lá e como não tínhamos babá, eu ficava vendo os cultos. Lembro de um pastor que berrava e pregava sobre profecias apocalípticas, demônios e prostitutas de dez cabeças".

Quando tornou-se adolescente, sentiu a necessidade de questionar as crenças dos pais. "Passei a estudar psicologia para entender como a religião controla as massas mudando o sentido das escrituras", afirma Stephan, que começou a carreira trabalhando como assistente do renomado cenógrafo Zé Carratu em festivais como o "Monsters of Rock" e o "Hollywood Rock", ambos extintos nos anos 1990. No início desta década, ele perambulou por países como Inglaterra, Alemanha e Espanha, onde participou de exposições e chamou a atenção pelo talento exuberante.

SEPULTURA - Em 2006, recebeu o convite do Sepultura para produzir a arte da capa do álbum Dante XXI, inspirado no clássico "A Divina Comédia", do escritor italiano Dante Alighieri. A parceria rendeu uma exposição homônima ao disco realizada na Capital.

"Ficou muito legal porque o Stephan tem um estilo forte que a gente reconhece à primeira vista e que tinha tudo a ver com a nossa proposta naquele momento", afirmou o guitarrista do Sepultura Andreas Kisser.




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