Economia Titulo Empresa com sede na região
Presidente da CVC vai deixar o cargo

Anúncio acontece em meio a redução no valor das ações e indício de falha na contabilidade

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
06/03/2020 | 00:08
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O presidente da CVC Corp, empresa de turismo sediada em Santo André, Luiz Fernando Fogaça anunciou que vai deixar o cargo no fim deste mês. A decisão acontece em meio a redução drástica no valor das ações da companhia, que na última semana admitiu falhas contábeis em demonstrações financeiras do ano passado. O executivo Leonel Andrade, que era da Smiles, vai assumir o comando.

A informação da saída de Fogaça, dada pelo próprio executivo em comunicado aos colaboradores, foi posteriormente confirmada pela empresa na noite de ontem, que divulgou fato relevante. Segundo o documento, o conselho de administração da companhia tomou ciência do pedido de renúncia em reunião realizada ontem. Os efeitos são “a partir de 30 de março de 2020, sendo certo que até tal data o executivo continuará no exercício de suas funções de forma a contribuir no processo de sucessão”, informou o documento, que também agradece a contribuição de Fogaça, que tinha dez anos de empresa e estava desde janeiro do ano passado à frente do cargo.

Para ocupar a posição de presidente da companhia, o conselho aprovou a indicação de Leonel Andrade. O executivo foi diretor-presidente da Losango, Credicard e Smiles Fidelidade (empresa que administra o programa de milhagem da Gol Linhas Aéreas), ocupando por 15 anos o principal cargo de gestão das mesmas, segundo o documento divulgado pela CVC Corp.

O anúncio da troca de cadeiras acontece menos de uma semana depois de a gigante do turismo assumir a possibilidade de falhas contábeis em valores transferidos aos fornecedores de serviços turísticos referentes às receitas própria. A avaliação preliminar estima que o impacto potencial por conta dos referidos ajustes na receita líquida de vendas da companhia seja cerca de R$ 250 milhões, considerando os exercícios sociais de 2015 a 2019, conforme comunicado da última sexta-feira, no qual a CVC Corp salientou que o montante não deve impactar a geração e os saldos de caixa.

O ano passado da empresa foi puxado por derrotas comerciais e jurídicas, como aumento da concorrência (com a popularização da comercialização de pacotes pela internet), quebra da Avianca (a companhia aérea era parceira da operadora) e a possibilidade de processo no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) sobre recolhimento de impostos. Somado às incertezas por conta do aumento de casos do coronavírus neste ano, que reduz o fluxo do turismo, mais a alta do dólar, o quadro da empresa é preocupante. Houve quedas consecutivas no preço das ações desde o início deste ano, o que ocasionou perda de mais da metade do valor de mercado da empresa, atualmente em R$ 2,99 bilhões – no último pregão da B3 de 2019, a firma andreense valia R$ 6,53 bilhões.

Os papéis da operadora de turismo iniciaram 2019 comercializados a R$ 44,71 e ontem eram vendidos a R$ 20 (no fechamento), ou seja, redução de 55,27%. Desde que as falhas foram divulgados pela empresa, a desvalorização foi de 22%.

No pregão da B3 de ontem, as papéis fecharam com queda de 9,83% em relação ao anterior (nona redução seguida). A empresa figurou entre as quatro maiores baixas de todas as listadas no índice B3, atrás apenas da IRBR Brasil e das linhas aéreas Gol e Azul. 




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