A Polícia Civil de São Bernardo não tem pressa para concluir inquérito sobre os casos de abuso sexual e assédio moral que teriam sido cometidos pelo técnico Fernando de Carvalho Lopes. A delegada Teresa Alves de Mesquita Gurian, responsável pela investigação, disse ontem ao Diário que recebeu novo prazo de 30 dias para seguir a apuração e ainda não marcou o depoimento do treinador.

Fernando é acusado por dezenas de ginastas de abuso e assédio quando era treinador do Mesc (Movimento de Expansão Social Católica) de São Bernardo e da Seleção Brasileira. Os casos teriam ocorrido de 1999 até 2016, quando surgiu a primeira denúncia contra ele.
Segundo a delegada, o inquérito corre em segredo de Justiça e, por isso, ela não pode revelar quem está sendo chamado para dar depoimento nem quantas pessoas foram ouvidas. “Acabei de receber esse inquérito com mais 30 dias de prazo. Está sendo movimentado, estão sendo ouvidas as pessoas que faltam.”

Teresa Gurian não definiu data para que ocorra o depoimento de técnico. “Somente será agendada a oitiva do Fernando quando todo mundo for ouvido. Tem pessoas que estão marcadas e estão reagendando porque surgem compromissos. A gente fica na dependência das testemunhas e das vítimas finais comparecem à delegacia.”

A delegada ressaltou que ainda não recebeu o laudo da perícia realizada nos materiais recolhidos por meio de busca e apreensão na sexta-feira, na casa dos pais de Fernando, em São Bernardo, onde ele mora atualmente. Estão com a polícia pen drives, CDs, DVDs, HD externo e fita cassete. “A perícia tem no mínimo 30 dias para entregar os laudos”, explicou.

Em entrevista exclusiva ao Diário, na quarta-feira, Fernando – que foi convocado a prestar depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada no Senado que investiga crimes relacionados a maus-tratos a crianças e adolescentes no Brasil, e convidado a participar de audiência pública que pretende debater os escândalos vinculados à ginástica artística brasileira na Câmara dos Deputados –, disse que irá comparecer, mas antes quer depor à delegada. “É a oportunidade de falar e temos muita coisa para falar. Vou atender tudo o que for necessário. Mas a ideia é que marquem depois, e primeiro que eu preste contas na delegacia. Sou quem mais quer falar. Não adianta colocar a carroça à frente dos burros. Hoje a primeira pessoa a quem vejo necessidade de prestar conta é a delegada. Sou inocente”, disse.