Economia Titulo Emprego
Ritmo de demissões desacelera na região

Mesmo assim, em 2016 foram eliminados
25,4 mil postos, segundo pior saldo desde 2004

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
25/11/2016 | 07:09
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Nario Barbosa/DGABC


O volume de trabalhadores do Grande ABC com carteira assinada demitidos neste ano até outubro, embora ainda assuste, ao totalizar 25.414 pessoas, é menor do que no mesmo período de 2015, quando o saldo (contratações menos demissões) estava negativo em 33.080 postos formais. O ritmo de cortes, portanto, diminuiu, mas o montante acumulado nos 10 meses de 2016 é o segundo mais baixo desde 2004 – perdendo só para o do ano passado.

Com esse resultado, o desempenho da geração de emprego em 2009, auge da crise econômica internacional, é vista pelo retrovisor. Naquele ano, de janeiro a outubro, haviam sido eliminadas 2.583 vagas na região. Número que, hoje, é perdido em um mês.

Em outubro, para efeito de comparação, o saldo ficou negativo em 1.817 postos de trabalho. Porém, em relação ao mesmo mês em 2015, a quantidade de demitidos é menor; à época, haviam sido contabilizados 5.770 desligamentos. O número também é menor do que o de setembro, quando foram cortados 3.151 profissionais. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

“A situação está, digamos, menos pior do que no ano passado. Mas ainda está ruim. É como se, em vez de cair do 10º andar, agora caíssemos do 9º”, compara Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia. “É fato que o ritmo de fechamento de vagas foi reduzido, e que desde que (Michel) Temer assumiu (em 31 de agosto), os indicadores econômicos de risco e confiança melhoraram. Porém, para a população, trata-se de estatística somente. As pessoas ainda não sentem uma melhora.”

POR MUNICÍPIO - Ao analisar o desempenho do emprego por cidade, em outubro todas, exceto Santo André, que gerou 259 postos, encerraram com saldo negativo. Destaque ficou com São Bernardo, que demitiu 1.447 trabalhadores. No acumulado do ano, porém, nenhuma delas está positiva, e São Bernardo, mais uma vez, lidera, com saldo negativo de 12.593 vagas.

O desempenho do município é reflexo da maior concentração de indústrias e de cinco montadoras, das quais três – Mercedes, Volkswagen e Ford – passaram por PDVs (Programas de Demissão Voluntária). Além disso, há empresas deixando a cidade (como a ABR) ou encerrando a linha de produção (a exemplo da Yoki). O setor é o que mais sofre na atual conjuntura, e neste ano já eliminou 12.847 postos no Grande ABC. Na sequência, está o ramo de serviços, o que mais emprega na região, com 5.317 cortes. Comércio ocupa a terceira posição, com 4.264 dispensas.

PROJEÇÃO - Para Balistiero, a caminhada para a retomada de geração de emprego com carteira assinada ainda é longa. E o saldo positivo, em que as contratações superam as demissões, só deve dar as caras lá para meados do ano que vem. “Primeiro, as empresas precisam sanar suas dívidas, assim como os consumidores. Então, ao notar maior demanda pelos produtos, as companhias vão ampliar as horas extras, admitir temporários e, só depois, ampliar seu quadro efetivo de funcionários.”

O economista acredita que contribuem à melhora do cenário discussões e votações em torno da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limita os gastos públicos e das reformas previdenciária e trabalhista. Além da perspectiva de o PIB (Produto Interno Bruto) fechar 2017 com pequeno crescimento de 1%, depois de dois anos de forte recessão – em 2016, deve atingir recuo de 3,5%.  




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