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Comemorar o quê?

Não há o que comemorar na nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
19/03/2016 | 07:00
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Não há o que comemorar na nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil. Assim como não há o que comemorar na suspensão do termo de posse pela Justiça. Não há o que comemorar nas manifestações contra o governo Dilma Rousseff (PT) que pedem seu impeachment. Assim como não há o que comemorar nas reações dos favoráveis ao Partido dos Trabalhadores. Não há o que comemorar na divulgação dos áudios que colocam lenha na fogueira política. Assim como não há o que comemorar se Lula ou qualquer outro político for preso. Não há o que comemorar com a queda de Dilma, se ocorrer. Assim como não há o que comemorar se ela permanecer. Se a presidente for retirada do Palácio do Planalto e Lula for para a cadeia, o que vai melhorar? Num primeiro instante, o mercado pode suspirar, a bolsa deve subir e o dólar, cair. Mas em semanas, ou meses, as inseguranças jurídica e política do País vão predominar. A crise pode até piorar. Nada que se faça neste momento terá reflexos a curto prazo. A roda econômica continuará a girar para trás. E algumas milhões de pessoas vão comemorar, apontando o dedo na cara das outras milhões que saíram às ruas pedindo a saída de Dilma e o encarceramento do ex-presidente. “Vocês são os culpados por tudo isso”, dirão. Se já estão se agredindo por aí, um óbito não é algo fora de cogitação. Não há nada a se comemorar. Natural que os responsáveis por atos ilícitos têm de pagar pelo que fizeram. Naturais também as manifestações pró e contra. Mas o rito judicial tem de ser respeitado. Caso contrário, a democracia, retomada a duras penas, está ameaçada. Há de se lamentar que o Brasil chegou a esse ponto. Há de se indignar com os desmandos que rebaixam o País. Há de se mover por uma Nação melhor. Há de se lutar por um futuro melhor para as novas gerações. Mas, hoje, comemorar o quê?

Dois Lulas
Lula no sábado, dia 12, véspera dos protestos contra ele e o governo Dilma, em conversa com seu irmão Vavá. “Domingo eu vou ficar um pouco escondido, porque vai ter um monte de peão na porta de casa para bater nos coxinhas. Se os coxinhas aparecerem, vão levar tanta porrada que eles nem sabem o que vai acontecer”, disse o petista, em grampo revelado pela Polícia Federal. Lula ontem, em discurso nas manifestações a seu favor e da presidente. “Não quero que quem votou na Aécio goste de mim. Eu quero que a gente aprenda a conviver de forma civilizada com as nossas diferenças”, disse ele. Em qual Lula acreditar?

Mas já?
Pré-candidato a prefeito de Santo André, o presidente da OAB local, Fábio Picarelli (DEM), esteve nesta semana na Capital Federal. “Eu não sei quanto tempo ficaremos em Brasília, mas o MBL (Movimento Brasil Livre) já lançou esse desafio: ficarmos até a presidente cair”, disse ele quinta-feira. Dilma não caiu e o advogado já estava de volta ontem à cidade, onde visitou instituições que realizam assistência a deficientes e suas famílias.

Eleição em Cabo Verde
Amanhã é dia de eleições parlamentares de Cabo Verde e o Grande ABC terá posto de votação na Câmara de Santo André, para receber sufrágios ao cargo de deputado pelas Américas. Pedro Alves Silva, autônomo de Mauá e filiado ao MPD (Movimento Pela Democracia), é candidato. Ele é filho de cabo-verdiano e tem dupla cidadania. Se eleito, irá uma vez a cada seis meses ao país africano. Segundo a Associação Caboverdeana do Brasil, sediada em Santo André, um terço da população de Cabo Verde mora no país e dois terços estão distribuídos ao redor do planeta. No Grande ABC são cerca de 400 pessoas. A região já teve um parlamentar, Elísio Souza Lima, de São Bernardo, que foi eleito pelo Paicv (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde). Hoje, Rui Delgado (MPD), que mora em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, é suplente. 




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