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Moradores do residencial não sabem como agir
Por Christiano Carvalho
Do Diário do Grande ABC
24/08/2001 | 00:47
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Desespero e perplexidade tomaram conta nesta quinta à noite dos moradores do Residencial Barão de Mauá, depois que dados técnicos sobre a contaminação foram apresentados em um parecer da perícia do Ministério Público. Ao receber a notícia, dada pelos síndicos que se encontraram com os promotores envolvidos no caso, muitos moradores tiveram crise de choro e demonstraram revolta. “Por que tranqüilizaram a gente e agora entregam uma bomba dessas? Estão ludibriando a gente. Não sei o que fazer”, disse chorando a vendedora Nadir Gomes, 26 anos.

“Você larga a sua casa, abandona seus sonhos, não sabe o que vai acontecer quando voltar do trabalho. Até hoje estava todo mundo mais tranqüilo”, desabafou a programadora de materiais Ivanir de Oliveira Rina, 42 anos. “Cada dia tem uma notícia. Hoje você está tranqüilo e amanhã não está mais”, afirmou o comerciante Jerônimo Melati Júnior, 35 anos. Ao ser indagado se sairia do residencial, ele respondeu: “Sair vou ter de sair; não vou ficar morando em cima de uma bomba”.

“Passaram para a gente um índice muito maior do tinha sido divulgado (referindo-se aos 100 mil ppm de metano encontrados nas tubulações de água). Por isso está todo mundo alvoroçado”, disse o empresário Marcelo Positelli, 29 anos, subsíndico de um dos blocos da etapa 7. Segundo ele, “é necessário que todos os moradores se unam para conseguir algo melhor”, acrescentou.

O impasse e a falta de perspectiva serviram não só para aumentar a angústia dos adultos como também a das crianças. A dona de casa Maria do Carmo dos Santos, 61 anos, tentava consolar sua neta de 11 anos que chorava muito. “Comentaram com ela que todos aqui iam morrer. Minha netinha está desesperada. Na escola, as outras crianças ficam debochando deles (crianças que moram no Barão de Mauá). Quero sair daqui o mais rapidamente possível”, disse.

Quinta à noite, o vice-prefeito e secretário de Saúde de Mauá, Márcio Chaves Pires, foi ao condomínio tentar acalmar os moradores. Ele disse que os dados apresentados pela promotoria são os mesmos já apresentados por outros órgãos que fizeram análises da contaminação por substâncias tóxicas do subsolo do condomínio. “Isso contradiz o que os técnicos da promotoria falaram para a gente e apresentaram no papel. Eles (Prefeitura) só falam”, rebateu um dos moradores da etapa 6. Segundo a síndica da etapa 7, Tânia Regina da Silva, 44 anos, cada um dos envolvidos no caso passa uma informação diferente. “Nossa preocupação maior é com nossa saúde. Até que ponto podemos confiar no que dizem para a gente?”, questionou.

Saída – Sobre a possibilidade de terem todas as despesas cobertas pelas empresas acusadas de serem as responsáveis pelo problema, caso aceitem a remoção, a maior parte dos moradores ouvidos pelo Diário afirmou que não quer uma solução provisória e descartou a hipótese de deixar o residencial.

“Precisamos unir forças nesse momento. Não podemos sair agora. O pessoal também está com medo de que haja invasão dos apartamentos”, disse uma moradora da etapa 7, que preferiu não ser identificada. “Só saio daqui se indenizarem o valor total do apartamento”, disse a psicóloga Sirlei Aparecida Silva, 31.

“A gente tem de ficar desesperada. Estamos com os apartamentos pagos e não temos para onde ir”, disse a dona de casa Rosemari Pacheco, 30 anos, depois de ouvir de um morador que o risco de explosão no residencial é grande.




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