"Não vou dar mole pra bandido. Se a gente der algum tipo de vacilo, eles quebram as duas pernas da gente." É assim que o guarda municipal Zé Pequeno (nome fictício) de Diadema justifica o fato de manter ilegalmente em sua residência um revólver calibre 38. Na verdade, um amigo de Zé tem o registro da arma. "Mas ela fica comigo 24 horas por dia. Como moro numa área extremamente perigosa de Diadema, preciso me proteger dos vagabundos. Se acontecer algum problema, este amigo faz um boletim de ocorrência alegando que roubaram a arma dele. Daí não teremos problemas", completa Zé, dando outro exemplo de como faz para burlar a lei.

Enquanto atua como guarda municipal, Zé Pequeno tem permissão de trabalhar com um revólver. Mas como tem menos de 25 anos, a Justiça não concede o porte de arma para o guarda municipal fora do serviço. Radicalmente contra a lei de desarmamento, Zé acredita que a medida só irá favorecer os bandidos. "Com o porte de arma concedido ao civil, os bandidos já estão dominando, imagine então quando o cidadão comum for proibido de manter uma em sua residência. Os marginais vão quebrar tudo. Aí sim, iremos viver em uma terra sem lei", afirma.

Apesar de ser contra a lei do desarmamento, Zé Pequeno concorda que o porte de arma não pode ser concedido para qualquer cidadão. Ele afirma que seria fundamental o civil passar por um treinamento específico, como são submetidos todos os policiais. "Quem quer ter uma arma legal, precisa ser treinado. Se a pessoa tiver condição emocional de manter uma, ela tem que ser autorizada pela Justiça. Só assim, a sociedade pode se proteger e defender dos marginais."

Há quase três anos na Guarda Municipal, Zé Pequeno conta que resolveu ingressar na corporação influenciado por alguns familiares, que trabalham na Polícia Civil. "Amo trabalhar na segurança pública. Sei que não vou resolver os problemas do mundo, mas vou colocar muitos bandidos na cadeia ainda. Quero colaborar com meu país", finaliza.