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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Cotidiano
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MORAR
Aqui em casa não tem disso não
Rodolfo de Souza
11/07/2019 | 07:00
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Moro (do verbo morar) numa casa que preza a liberdade e a prosperidade que vem dela. Diferente de muitos lugares em que o povo, judiação, vive sob as botas do autoritarismo atroz, debaixo do fascismo impiedoso, é, pois, a minha casa. 

E, para quem se esqueceu do perfil fascista, uma refrescada na memória: fascismo não visa a construção, somente a destruição. Não trabalha em prol da vida, dedica-se unicamente a exaltar a morte. Não mira a paz, só a guerra. O fascismo sonha com o aniquilamento e com a violência em todas as suas nuances. Na verdade, embebe-se dela.

O que vai pela cabeça do fascista é a certeza de que deve cercear a escolha do outro cuja mente privilegia o crescimento. E fazer calar aquele, em cuja garganta há um grito contido, prestes a escapar, clamando por justiça, é a sua meta.

E o fascismo fará mesmo qualquer coisa para detê-lo, porque o fascismo é isso, é triste, é enfadonho, é pobre. Ri sem achar graça, debocha porque não tem argumentos para sustentar suas ideias que seguem na contramão da evolução humana.

O fascismo condena a educação e a cultura e tudo que pode promover a sabedoria e, consequentemente, a liberdade. O fascismo é podre. Ele age nas sombras e posa de santo quando indagado. O fascismo mente e faz crer que é bom. Está sempre de olho nas cabeças de pensamento miúdo, uma vez que depende delas, para a manutenção do poder. Por isso, aspira à destruição do ensino como forma de obter o apoio de gente de parco saber, sempre propensa à idolatria.

O fascismo odeia pessoas de pensamento livre, gente que questiona e que contesta. Gente que caminha com as próprias pernas e escolhe o rumo a seguir.

O fascismo, porque é avesso a tudo que representa vida e liberdade, destrói a natureza. É capaz até de derrubar imensa área com árvores centenárias só para construir obra inútil no local, ganhar algum com o feito e, de sobra, colocar o seu nome na construção. Muito triste, a despeito do pouco que significa esse pedaço de chão se comparado à imensa floresta que, uma vez derrubada, afetará o clima de todo o planeta. E o fascismo vem devorando, sem piedade, esse santuário, indiferente aos apelos que vêm de todo o mundo.

O fascismo é vaidoso e exige admiração. É covarde, porque sempre ataca pelas costas, e não tolera a livre expressão e o livre caminhar. Faz uso da truculência para conter aquele que considera inimigo simplesmente por pensar diferente.

O fascismo, por ser burro, despreza a inteligência e tudo o que dela se origina. 

É preciso lembrar ainda que a besta fera se esconde em todos os recantos desta vasta planície redonda. Para que apareça, basta que obtenha o respaldo de um povo que transpira ignorância e, por isso, se deixa seduzir pela conversa fiada e pela fala grotesca. Aliás, idolatria é a principal característica de indivíduo com perfil fascista. É fanático pelo futebol ou pela religião, pelo cantor brega ou pelo político que espelha a sua própria estupidez... O fanatismo, afinal, não lhe permite ver outras possibilidades, outros caminhos. Por isso, anda sempre numa única direção, a direção da miséria humana.

Só de falar, me dá arrepios! Deus me livre de morar num país fascista, credo!




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