Economia Titulo Entrevista
Agência de fomento prioriza região

Agência de fomento do governo do Estado de SP tem como uma de suas prioridades neste ano o Grande ABC

Wagner Oliveira e Soraia Abreu Pedrozo
Do Diári
23/08/2009 | 07:24
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A agência de fomento do governo do Estado de São Paulo tem como uma de suas prioridades neste ano o Grande ABC, região em que pequenas e médias empresas ainda sofrem efeitos da crise e têm dificuldades de conseguir recursos para financiar as atividades. O presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento, Milton Luiz de Melo Santos, afirmou que mais companhias serão contempladas até dezembro, além das cinco que já garantiram aprovação de empréstimos - MRS, Meta New Tech, Aplastic, Ouro Fino e Caldeiraria Santo Antonio. "Decidimos começar com forte atuação no ABC em razão da questão social. Muitas empresas de médio e pequeno porte, ficaram sem mercado e ainda não recuperaram linhas de financiamento após a crise", disse Santos, ao lembrar que a missão da agência é fomentar o desenvolvimento com injeção de recursos em empresas que atuem na indústria, no comércio, em serviços e agronegócios em São Paulo. Com capital inicial de R$ 200 milhões, a agência estuda 860 pedidos de companhias no Estado. Até agora já foram firmados financiamentos de R$ 48 milhões a 28 empresas. Com mais R$ 200 milhões assegurados pelo governador José Serra, Santos revelou que a empresa se estrutura para alavancar maior número de empréstimos. A promessa do governo estadual é repassar à agência R$ 1 bilhão, oriundo de recursos obtidos com a venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil. O BB autorizou o Estado a usar o slogan Nossa Caixa, já que a marca não será aproveitada. Está em fase final o processo que autorizará a agência a intermediar empréstimos com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Lançada em julho, a Nossa Caixa Desenvolvimento tem como foco incentivar empresas de faturamento entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões anuais. Já foram identificadas 36,6 mil empresas paulistas neste perfil. "Nossa missão é ser uma espécie de BNDES estadual."

DIÁRIO - A Nossa Caixa Desenvolvimento já está em pleno funcionamento?
MILTON SANTOS - Estamos finalizando a estruturação de nossa operação, que tem base num prédio cedido pelo Banco do Brasil ao Estado, a pedido do governador José Serra, no processo de compra do banco estadual Nossa Caixa. Começamos com uma operação enxuta de 60 empregados, cedidos pelo BB à Nossa Caixa Desenvolvimento, e assim devemos permanecer, já que não temos agências.

DIÁRIO - Qual o desafio da agência de fomento?
SANTOS - Nosso foco concentra-se em 36,6 mil empresas de São Paulo cuja receita varia de R$ 240 mil a R$ 100 milhões, ou seja, pequenas e médias empresas. O objetivo é impulsionar o desenvolvimento estadual com incentivos nas áreas de indústria, comércio, serviços e agronegócios. Nossa missão é ser uma espécie de BNDES estadual.

DIÁRIO - Nesta fase de estreia, alguma região tem prioridade?
SANTOS - Decidimos começar com uma forte atuação no Grande ABC em razão da questão social, uma das preocupações de uma agência regional de desenvolvimento. Muitas empresas de médio e pequeno porte nas áreas de plásticos e metal mecânico ficaram sem mercado e ainda não recuperaram linhas de financiamento após a crise. Temos cinco empréstimos já aprovados e até o final do ano aprovaremos muito mais.

DIÁRIO - Qual o balanço em quase um mês de atividade?
SANTOS - Já temos 48 contratos de empréstimos firmados com 28 empresas. Ao todo, contabilizamos em nosso cadastro 860 pedidos, dos quais cerca de 100 foram recusados num primeiro momento.

DIÁRIO - É um bom ritmo?´
SANTOS - Podemos comparar o início da agência a um trem que está saindo da estação. No começo, a composição demora a embalar, as rodas da locomotiva patinam. Mas depois todo o conjunto ganha velocidade. É assim que funcionam as coisas quando se requer uma análise detalhada e profunda dos candidatos a empréstimos.

DIÁRIO - O capital da agência avançou?
SANTOS - Nós começamos em julho com R$ 200 milhões. O governador José Serrá já assegurou mais R$ 200 milhões, que serão integralizados à medida que novos contratos forem sendo aprovados.

DIÁRIO - O BNDES já autorizou a agência a intermediar repasses?
SANTOS - Os técnicos já chegaram do Rio e estão analisando nossos documentos nesta semana. O BNDES pode liberar recursos de uma a oito vezes o tamanho do nosso capital, ou seja, pode liberar até R$ 1,6 bilhão para o período de um ano civil. Como já passamos da metade do ano, certamente não teremos este montante. Vamos aguardar a decisão. Além disso, podemos intermediar linhas do Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos).

DIÁRIO - Há outras fontes de captação?
SANTOS - Também poderemos contar com recursos de diversas entidades internacionais, como o Banco Mundial.

DIÁRIO - Qual a vantagem de as empresas conseguirem empréstimos com a agência de desenvolvimento, quando têm à disposição recursos do BNDES que os bancos privados também repassam?
SANTOS - Nossa maior vantagem são os juros, que variam de 0,96% a 1,3% ao mês, dependendo da linha. No mercado, os juros estão entre 1,4% e 3,5%, conforme o risco. Nossa missão é pública, que não visa lucro. O objetivo é promover as empresas que necessitam de recursos. Mas, para isso, as companhias não podem ter pendências de nenhuma natureza, o que diminui também nosso risco. Temos que gerir com máximo cuidado os recursos públicos.

DIÁRIO - Como a agência chegará às empresas?
SANTOS - Principalmente por meio das entidades de classe, como Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Abimaq (Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos), sindicatos patronais, entre outros. Treinamos pessoal destas entidades para receber pedidos, reunir documentação e nos repassar o processo. Já visitamos APLs (Arranjos Produtivos Locais) de aeropeças, plástico, metal mecânico, ceramista e calçadista, entre outros, em diversas regiões do Estado. Vamos intensificar aproximação.

DIÁRIO - O presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento é nomeado por mandato?
SANTOS - Sim, por dois anos. Um conselho formado por várias secretarias, entre elas a da Fazenda, a qual eu me reporto, dá as diretrizes da atividade.




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