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Montadoras faturam mais em fevereiro, revela CNI

Receita aumentou 21,1%, incentivada pela redução do IPI, enquanto número de empregos caiu 2,3%

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/04/2009 | 07:00
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A desova de estoques de veículos, estimulada pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) iniciada em dezembro, associada com a diminuição da mão-de-obra elevou o faturamento das montadoras em fevereiro. De acordo com levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), houve aumento de 21,1% nas receitas do setor em relação à janeiro. O índice de emprego, entretanto, recuou 2,3% no mesmo período.

Levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em fevereiro a indústria automobilística produziu pouco mais de 201 mil veículos, 9,2% mais do que em janeiro.

Na avaliação de Flávio Castelo Branco, economista da CNI, embora a redução do IPI ajude a vender o que está estocado, "não se compra automóveis como outros itens, e a indústria sabe disso, então, por mais que a medida ajude, haverá um quadro de dificuldade durante toda a primeira metade do ano".

A visão é compartilhada pelo diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, Willian Pesinato. "A carga tributária incidente é muito alta e isso deixa alto o custo final do produto. As montadoras voltaram a vender porque também diminuiram o preço de seus produtos, e não somente por conta do IPI. Elas estão cortando gordura ao máximo, e isso incluiu a redução de parte da equipe".

Para Pesinato, o resultado ainda garantiu boa parte dos empregos: "a diminuição do número de trabalhadores foi pequena perto do que subiu o faturamento".

Na opinião do diretor do Ciesp de Diadema, José Gascon Hernandez, a base de comparação, janeiro a fevereiro, é muito ruim. "Este foi um período em que as montadoras estavam retornando de férias coletivas. Em dezembro houve 10 dias de trabalho. Em janeiro, 20 e somente em fevereiro o mês todo", aponta. "Produção e faturamento de vendas não caminham necessariamente na mesma velocidade. Quando a demanda cai, você enche a prateleira. Como não tem crédito barato, muitas vezes tem de dispensar funcionários".

Hernandez conta que, em Diadema, muitas das autopeças procuraram a entidade alegando que o faturamento em março equivalia a 10% do total obtido um ano atrás. No município, 40% das 2.200 pequenas empresas atendem o setor automotivo.

Outros segmentos relacionados à fabricação de veículos não apresentaram resultados animadores em fevereiro. Borracha e plástico e produtos de metal tiveram, respectivamente, queda de 4,3% no faturamento em relação a janeiro e leve alta de 1%. Já o nível de emprego recuou 1,9% para o primeiro setor e 0,7% para o segundo.

"Somente lá para junho faturamento e produção estarão equalizados, então será possível mensurar os estragos causados pela crise", conclui Hernandez.




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