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Tempos de paz na telona

Depois do sucesso de 'Se eu Fosse Você 2', Daniel Filho adapta peça consagrada para a sétima arte

Por Márcio Maio
Da TV Press
15/02/2009 | 07:00
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Daniel Filho não para de filmar. O diretor estreou em janeiro o já consagrado Se Eu Fosse Você 2 e se prepara para lançar, ainda este semestre e pela sua produtora Lereby, outro longa. Desta vez, com uma dificuldade um pouco maior. Daniel pediu e o autor Bosco Brasil adaptou o texto de Novas Diretrizes em Tempos de Paz para a sétima arte.
E é justamente a tarefa de dirigir um texto que se consagrou nos palcos brasileiros e permaneceu em cartaz durante quatro anos ininterruptos uma das coisas que mais empolgam Daniel. "O filme conta a história de um polonês foragido da guerra que tenta entrar no Brasil. A dificuldade de fronteiras e essa confusão que é feita entre as raças são temas atuais", opina.

Para encarnar os dois personagens centrais do filme Tempos de Paz, Segismundo e Clausewitz, Daniel convidou os mesmos atores que ficaram em cartaz de 2000 a 2004, Tony Ramos e Dan Stulbach. "Sem eles eu jamais ousaria filmar essa história", elogia o diretor. E, para isso, Tony precisou se afastar das gravações de Caminho das Índias e Dan emendou o trabalho com as filmagens da minissérie Som e Fúria, que a Globo deve estrear no meio do ano.

O primeiro interpreta um ex-oficial da polícia política do governo de Getúlio Vargas e torturador que, com o fim da guerra, passa a temer a vingança de seus ex-prisioneiros. Como chefe da imigração na Alfândega do Rio de Janeiro, é ele quem evita a entrada de nazistas na cidade. Já Dan revive o drama do artista polonês que é confundido com um nazista depois que tenta impressionar um dos funcionários da imigração ao recitar um poema de Carlos Drummond de Andrade. "É uma chance única. Além de ser uma história fantástica, eu e o Dan vamos poder nos ver na tela, coisa que não acontecia no teatro", emociona-se Tony.

Com mais recursos que o espetáculo, o filme conta com passagens que na peça não ganhavam destaque. Como a cena em que o navio que traz o polonês ao Rio de Janeiro ancora no porto da cidade. Com mais de 300 figurantes, a tomada deu trabalho à figurinista Marília Carneiro. "Foi o meu grande dia neste projeto", diz Marília, também responsável pelo figurino de Caras e Bocas, próxima novela das sete da Globo.

Parte das cenas foi gravada no prédio da antiga fábrica da Behring, no bairro de Santo Cristo, Centro do Rio. O ambiente reproduz uma parte da alfândega, onde vários documentos do Estado Novo estariam arquivados. Como o oficial tem de liquidar uma série de papéis e precisa interrogar Clausewitz, faz as duas coisas simultaneamente.

O período em que se passa o filme é o mesmo que marcou a liberdade de vários presos políticos, incluindo Luís Carlos Prestes. "A mágica e o lirismo da história se concentram na dúvida que Segismundo tem sobre quem é de verdade o estrangeiro polonês", adianta Tony.

Além de Tony e Dan, o filme tem Louise Cardoso, que interpreta uma irmã de Segismundo; Aílton Graça e Anselmo Vasconcellos, que vivem dois funcionários da Imigração; e a mãe de Dan Stulbach, a polonesa Ewa Maria Parszewska, retratando uma senhora que, assim como Clausewitz, fugiu da guerra com a esperança de uma velhice tranquila no Brasil. "Foi uma grande emoção para ela, já que quando chegou ao Brasil também foi de navio", conta Dan.




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