Política Titulo Suspeita de fraude
Luiz Marinho pagou até 30% menos por uniformes deste ano

Mesma fornecedora, Capricórnio reduziu preços ao Paço de S.Bernardo; ata de 2009 está sob investigação

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
31/03/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A Capricórnio S/A, fornecedora de uniformes para a Prefeitura de São Bernardo, ofereceu menor preço nos produtos licitados neste ano do que em 2009. Há vestimenta com valor até 30% menor do que a adquirida pelo governo Luiz Marinho (PT) há cinco anos, apesar de a inflação do período ter sido de 27,13%. A ata de registro de 2009 está sob investigação do Ministério Público com suspeita de superfaturamento e formação de cartel.

A redução dos valores dos uniformes entre 2009 e 2014 pode reforçar a teoria do Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de que o certame anterior foi fraudado, com prática de sobrepreço. A instituição já comprovou desvio de pelo menos R$ 3 milhões na compra de tênis e mochilas, que foram licitadas separadamente pela Secretaria de Educação de São Bernardo, chefiada por Cleuza Repulho (PT).

Meias adquiridas para alunos do Ensino Fundamental da rede saíram 30% mais baratas neste ano. O governo pagou R$ 3 pela peça em janeiro e depositou R$ 4,28 pelo unitário em 2009. O preço da bermuda masculina para matriculados no Ensino Fundamental registrou variação negativa de 25% (preço diminuiu de R$ 11 a peça para R$ 8,25), o da calça masculina teve queda de 23% (de R$ 15,51 para R$ 12) e o da camiseta de manga curta retraiu 17% (R$ 8,43 para R$ 7).

O valor global pago pela gestão Marinho também foi menor agora do que em 2009. Em janeiro, Cleuza homologou a licitação sob preço de R$ 20,7 milhões. Cinco anos atrás, foram R$ 25,9 milhões destinados à Capricórnio – queda foi de 20%.

A economia registrada contrasta com a inflação calculada no período. Segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre janeiro de 2010 (quando a licitação de 2009 foi homologada por Cleuza) e janeiro deste ano (data do novo certame), a inflação ficou em 27,13%.

Em tese, os produtos tenderiam a ficar mais caros do que em 2009. O valor global, por exemplo, saltaria de R$ 25,9 milhões para R$ 27,7 milhões.

O Gaeco comprovou prática de sobrepreço na compra de tênis para a rede pública. Calçados de melhor qualidade e com menor valor foram adquiridos pela prefeitura de Santos.

Há cinco anos, as licitações para aquisição de uniformes, mochilas e tênis foram vencidas pela Capricórnio S/A e G8 Comércio de Equipamentos, Serviços e Representações. As empresas foram acusadas pelo Ministério Público do Paraná de fraudarem o edital em Londrina. O grupo utilizou ata de registro de preços de São Bernardo para burlar o certame e desviaram pelo menos R$ 3,1 milhões.

A Prefeitura não tem se manifestado sobre a investigação do Gaeco ABC.  




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