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8% dos brasileiros já teve contato com hepatite B
Por Do Diário do Grande ABC
29/03/1999 | 16:48
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Treze milhoes de brasileiros (8% da populaçao do país), entre um e 40 anos, já tiveram contato com o vírus da hepatite B e, pelo menos, 3,3 milhoes desse total (2%) se tornaram portadores da doença. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita, realizada no ano passado, que será divulgada esta terça-feira (30) no 1º Fórum de Vacinaçao da Terceira Idade, no Rio, pelo pesquisador e professor de doenças infecciosas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmilson Migowski.

Foram entrevistadas 3.654 pessoas de três capitais brasileiras - Porto Alegre, Rio de Janeiro e Fortaleza - e do norte do Amazonas. A pesquisa quantitativa foi coordenada pelo Laboratório Smithklein em parceria com universidades e hospitais públicos. Transmitido pelo beijo, na prática odontológica, no ato sexual ou por uma simples mordida, o vírus da hepatite B, segundo Migowski, é cerca de cem vezes mais contagioso do que o do HIV. "Usar camisinha previne contra aids, mas nao contra a hepatite B, que pode ser evitada com vacina", afirma Migowski.

O pesquisador ressalta que, em 10% dos casos, o vírus pode provocar o surgimento de câncer de fígado, cirrose hepática ou na rara e perigosa hepatite D. "Poucas pessoas sabem disso, mas muitas dessas doenças têm como causa primeira a hepatite B" diz. O trabalho mostra que o norte do Amazonas, apesar de já ter implantado uma campanha universal de vacinaçao contra a doença, ainda lidera as estatísticas nacionais de casos da doença.

Números - Dos 613 pessoas entrevistadas naquela regiao, 21,4% apresentaram testes positivos e 5% delas se transformaram em portadores. O Rio de Janeiro também chama a atençao pelo alto índice de contaminaçao. Na segunda maior capital do país, 5,5% dos cariocas já tiveram contato com a doença e 2% desse total estao infectados. "Se nao fizermos nada, dentro de alguns anos, o Rio poderá chegar a um grau de contaminaçao igual ao do Amazonas, que só tem equivalente no mundo no sudeste asiático", compara.

Em Porto Alegre, 461 pessoas foram examinadas e 7,6% mostraram já ter tido contato com o vírus, dos quais 2% desenvolveram a doença. Fortaleza foi a cidade com o menor índice de contaminaçao: apenas 0,4% dos 489 entrevistados sao portadores de 1,2% do total que apresentou resultado de contato positivo. A pesquisa mostrou ainda que os próprios pediatras podem se transformar em vetores de transmissao da patologia. Cinqüenta por cento dos 475 médicos entrevistados admitiram que nao foram vacinados contra a hepatite B e sequer deram orientaçao a seus pacientes para que se prevenissem.

A idéia de Migowski é sensibilizar o Ministério da Saúde para que promova uma campanha nacional de vacinaçao contra a doença entre adolescentes e adultos, como é feita atualmente em crianças com menos de um ano. "A pesquisa revelou que o índice de incidência de hepatite aumenta no público entre 14 e 40 anos, justamente por causa do contato sexual", adianta.

Segundo o professor da UFRJ, imunizaçao à hepatite B entre jovens e adultos poderia ser feita em conjunto com a campanha de vacinaçao contra gripe e pneumonia em idosos acima de 65 anos, que será lançada em abril pelo ministério. Migowski centrou seu foco de açao no grupo de idosos, porque, segundo o médico, eles "se mobilizam mais facilmente e, geralmente, sao mais informados e indignados". "Os idosos formam um espécie de batalhao aliado, que acabam influenciando seus parentes e descedentes, corrigindo um erro cultural da falta de informaçao de combates a doenças que, muitas vezes, poderiam ser evitadas com uma simples vacina", explica.




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