Com fila até os portões e duas salas abarrotadas, a farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, no bairro Paraíso, em Santo André, foi cenário de caos para usuários do serviço ontem. A superlotação gerou até seis horas de espera e, com isso, casos de indivíduos passando mal.

A equipe do Diário esteve no local ontem e flagrou, por volta das 15h, dois casos de desmaio de mulheres e um idoso com pressão baixa. Os três aguardavam atendimento desde as 8h. Além do calor dentro do espaço fechado, devido à falta de ventilação, os usuários ressaltaram ter ficado horas sem comer. Funcionária ouvida pela equipe de reportagem diz que foram agendados pelo menos 1.900 atendimentos para ontem. O Feriado de Finados teria causado o acúmulo de entregas.

Por volta das 14h30, usuários com agendamento marcado para as 12h foram chamados para a fila de retirada da senha. Depois disso, eles ainda aguardaram atendimento para retirada dos remédios. Os moradores das sete cidades cujo horário estava marcado para as 9h começaram a retirar os medicamentos às 14h. Por volta das 21h45, indivíduos agendados para as 16h ainda aguardavam pelo serviço.

A aposentada Rosiane Salvo, 64 anos, foi retirar remédio para o marido, que tem mal de Parkinson há oito anos. Moradora da Vila Floresta, em Santo André, ela ficou impressionada com o cenário. “Cheguei por volta das 13h, com agendamento para 14h. São quase 15h e nem senha retirei.”

Moradora de São Bernardo, a também aposentada Sônia Pires, 62, estava retirando vacinas para o filho, que tem esclerose múltipla. Ela revela que já havia passado pelo transtorno na quinta feira, quando permaneceu no local das 14h às 21h. “Hoje (ontem) vim buscar as doses estantes, mas só me deram uma. O atendimento está deplorável.”

Questionada sobre a confusão, a Secretaria de Estado da Saúde informou que foi verificado aumento da demanda no início do mês em virtude do Feriado de Finados, mas garantiu que “a unidade atende todos os que procuram atendimento”, sendo cerca de 2.000 por dia.

Há mais de um ano, o Grande ABC aguarda pela descentralização da farmácia de alto custo. A criação de locais específicos em cada uma das sete cidades diminuiria a superlotação da unidade andreense.