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Israel rompe relações com Yasser Arafat
Tatiana Freitas
Do Diário OnLine
13/12/2001 | 00:36
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Israel decidiu nesta quarta-feira romper todo tipo de relação com o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. Durante reunião de emergência do gabinete de segurança israelense, ficou decidido que a partir de agora Israel “utilizará seus próprios meios” para acabar com atentados de grupos extremistas palestinos. A decisão é resultado de um dia bastante violento no Oriente Médio. A tensão aumentou depois que um atentado reivindicado pelo Hamas e por um braço do movimento Fatah deixou 12 pessoas mortas.

“Israel se defenderá por seus próprios meios e considera que Yasser Arafat está fora do jogo. Assim, não manteremos mais contatos porque ele nada faz contra o terrorismo”, disse um responsável palestino que participou da reunião convocada após os atentados desta quarta. O governo do premiê Ariel Sharon entendeu que Arafat é diretamente responsável pela série de ataques terroristas das últimas semanas. As autoridades teriam decidido também que Arafat “não é mais relevante”, daí o fim dos laços com o líder palestino.

Nem mesmo a condenação pública de Arafat aos atentados e a ordem do palestino para que todas as representações dos grupos extremistas Hamas e Jihad islâmica sejam fechadas amenizaram os efeitos que as mortes causaram no governo israelense. A retaliação, inclusive, já foi iniciada. Na noite desta quarta, Israel respondeu com disparos de caças F-16 em direção a Gaza e Cisjordânia.

A quarta-feira — Os ataques começaram desde cedo, quando helicópteros israelenses bombardearam o sul da Faixa de Gaza, deixando quatro civis palestinos mortos. O clima de tensão cresceu ainda mais depois que um atirador palestino abriu fogo contra um ônibus israelense perto de um assentamento ao norte da Cisjordânia, a cerca de 20 km de Jerusalém. A ação deixou dez pessoas mortas e outras 30 feridas. O Hamas e as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa — grupo armado ligado ao movimento Fatah — reivindicaram a autoridade do atentado.

Mais tarde, dois homens-bomba detonaram explosivos presos a seus corpos próximo a veículos que eram ocupados por israelenses, em Gush Katif, na Faixa de Gaza. Duas pessoas morreram (os homens-bomba) e pelo menos quatro ficaram feridas.

Em um comunicado oficial, a Autoridade Palestina repreendeu os atentados palestinos. "A direção palestina condena as operações militares contra um ônibus de colonos perto da colônia de Emanuel, no Norte da Cisjordânia, e contra a colônia de Gush Katif, na Faixa de Gaza", diz o texto. Mas a repreensão de nada adiantou.

Apesar da Palestina ter condenado os ataques, o gabinete israelense de segurança convocou uma reunião de modo urgente para estudar a retaliação. Resultado: rompimento das negociações de paz com Yasser Arafat. Uma fonte israelense que participou da reunião disse que ficou decidido também que o Exército lançará uma operação em larga escala em Gaza e na Cisjordânia para efetuar prisões e confiscar armas.

Na prática, a reação já foi iniciada. Helicópteros israelenses bombardearam alvos da Autoridade Palestina em Gaza e em Ramallah, na Cisjordânia, na noite desta quarta. Pelo menos 17 pessoas ficaram feridas ao tentar fugir dos ataques.

Enquanto isso, os Estados Unidos procuraram intervir na crescente tensão do Oriente Médio. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleisher, pediu a Arafat para fazer o possível para interromper os ataques promovidos por grupos extremistas palestinos. O pedido foi atendido. Momentos depois, a rede CNN informou que Yasser Arafat determinou que todas as representações do Hamas e da Jihad islâmica sejam fechadas.

Mas isso não foi o bastante. Israel continuou apontando a Palestina como responsável pelos ataques e os Estados Unidos declararam que o fechamento do Hamas e Jihad são insuficientes. Washington considera que medidas desse tipo são um passo positivo, “mas deve ser feito muito mais”. A Casa Branca espera de Arafat um “total compromisso” para deter a violência no Oriente Médio.




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