Economia Titulo Tendência
Supermercado se ajusta a cliente

Redes se adequam aos novos hábitos na região;
consumidores não fazem mais compras de mês

Por Gabriel Russini
Especial para o Diário
05/03/2017 | 07:16
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Claudinei Plaza/DGABC


Nos últimos anos tem se tornado cada vez mais comum o hábito do consumidor de trocar a tradicional e onerosa compra do mês pela aquisição de produtos no dia a dia, semanalmente, conforme a necessidade de se repor itens da despesa da casa. Atentas a esse movimento, as redes supermercadistas têm desenrolado movimento de abertura de pequenas unidades em bairros e shoppings, em vez de manter grandes unidades em regiões centrais.

A readequação também passa pela percepção de que o cliente busca por preço acessível, e não se importa de ter isso em troca de ambiente menos sofisticado, com menor variedade de marcas e sem sacolas plásticas. Assim são os atacarejos, abertos tanto aos atacadistas quanto aos varejistas. E essa é a herança da crise, que pode se tornar permanente depois que o consumidor toma gosto por economizar.

No Grande ABC, ambas as realidades são amplamente vistas por suas ruas. Na semana passada, conforme o Diário noticiou, o Extra fechou para reforma duas de suas lojas em Diadema (Piraporinha) e Santo André (Vila Luzita), do porte de hipermercado, e vai reabrí-las com a bandeira Assaí.

Em 2016, foram inaugurados três supermercados em complexos de compra na região. O Shopping Metrópole, de São Bernardo, e o Praça da Moça, de Diadema, receberam a loja mais compacta da rede francesa Carrefour, a Express. No Golden Square Shopping, também em São Bernardo, foi aberta uma unidade do Minuto Pão de Açúcar. Sem contar as lojas de rua, a exemplo da Express aberta neste ano no bairro Jardim, em Santo André.

Para o professor de economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Leandro Prearo, fatores como a inflação alta, porém, estável, e a crise econômica que o País atravessa contribuem para mudar os hábitos do consumidor. “Na época da hiperinflação, há 20 anos, as pessoas tinham o costume de estocar o máximo de comida possível, a fim de não ser vítima de preços maiores, o que era muito compreensível, haja vista que no dia seguinte os preços eram completamente diferentes em comparação com o dia anterior. Hoje, a situação é muito diferente, e os preços não oscilam muito ao longo do ano”, explica. Geralmente, se tem reajustes maiores uma vez ao ano.

Na avaliação de Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em bens de consumo e varejo, a demanda para a implantação desses mercados menores sempre existiu. “Antes da propagação desses modelos, era na padaria que as pessoas faziam aquela compra do dia a dia. E não é só isso, a questão da proximidade influencia bastante, acredito que pode ser o futuro dessa relação de consumo.”

Acerca da tendência de aproximar as compras de itens de primeira necessidade em shoppings, Prearo vê com bons olhos. “É bom para as duas partes. No caso do shopping, o local passa a contar com uma atração que ele não tinha antes, e para a rede, trata-se da oportunidade de atender a outro tipo de público. Também é bom para quem trabalha no próprio complexo e quem consome, por ser mais cômodo e seguro”, comenta.

Na região, outros centros de compras já possuem supermercados, entre eles o ParkShopping São Caetano, com o St. Marche, Mauá Plaza Shopping e o Grand Plaza Shopping, em Santo André, ambos com o hipermercado Extra. Ao todo, portanto, até dezembro seis dos nove shoppings contarão com essa comodidade.

Foganholo enxerga pró e contra nesse movimento. “O ambiente favorece porque não é tão comum ver mercado dentro de shopping, o atendimento se estende a outro nicho social e a segurança é maior. A parte ruim são os custos de aluguel, que são mais caros, o que reflete no preço ao consumidor.”


Crise promoveu o fechamento de sete lojas do Seta Atacadista

A crise na economia é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que favorece o consumo em atacarejos, justamente por oferecerem preços menores, também atinge a saúde financeira de empresas que não se protegem e, na ânsia de ganhar fatia do público que quer economizar, expande vertiginosamente sua operação.

É o caso do Seta Atacadista, que em duas semanas fechou sete das nove unidades situadas em áreas periféricas da região e demitiu cerca de 350 trabalhadores, que ainda aguardam para receber o pagamento de suas verbas rescisórias. A quitação da dívida está sendo intermediada pelo Secabc (Sindicato dos Comerciários do ABC).

Para os especialistas, porém, trata-se de ponto fora da curva, pelo fato de o grupo ter exagerado na abertura, o que não deve revelar uma tendência de encerramento de operações do tipo. 




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