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Prefeituras do Grande ABC adotam medidas ambientais
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
06/12/2009 | 07:04
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Enquanto líderes mundiais se preparam para discutir a ameaça do aquecimento global em conferência na Europa e traçar políticas para diminuir as emissões de gás carbônico, as prefeituras do Grande ABC apostam na adoção da inspeção veicular, no aumento da reciclagem de lixo e no ensino de educação ambiental nas escolas como forma de promover melhorias no meio ambiente das cidades. Mas apesar dos esforços, os avanços ainda são tímidos.

Embora haja discussão adiantada no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para formatar um programa regional, a inspeção veicular deverá sair do papel somente no segundo semestre do ano que vem.

Ainda que o prazo esteja distante, para especialistas ouvidos pelo Diário, este é um dos caminhos para reduzir a liberação dos gases de efeito estufa.

Segundo a coordenadora da Agência e Núcleo Ambiental da Universidade Metodista, Waverli Neuberger, "a maior parte da emissão de CO2 (dióxido de carbono) da região se dá pelos veículos."

Para o ambientalista José Contreras, do MDV (Movimento em Defesa da Vida), o exemplo pode ser visto da janela. "A população que mora próximo dos principais corredores de tráfego da região é a que mais sofrem com a poluição."

Mesmo que a inspeção nos veículos particulares ainda não tenha sido iniciada, as prefeituras de Santo André, São Caetano e Ribeirão Pires informaram que realizam a inspeção de sua frota.

No transporte público, os combustíveis menos poluentes também começam ser utilizados. Em São Caetano, todos os ônibus se abastecem com biodiesel. Em Santo André, alguns coletivos se valem da tecnologia mais limpa e, a partir do ano que vem, a frota terá ônibus a gás.

Sobre a reciclagem do lixo, as prefeituras informam que desejam ampliar a reciclagem, que ainda é muito pequena. Apesar das iniciativas consensuais, falta sincronia nas outras ações tomadas pelos municípios.

Enquanto Ribeirão Pires oferece incentivos para os imóveis que usam aquecimento solar, São Caetano sequer discute projeto para pavimentar ruas com asfalto ecológico, que é mais permeável.

Do outro lado, São Bernardo planeja construir novos parques, e a vizinha Diadema admite que não tem estudo sobre moradias sustentáveis.

Presente mesmo em todas as administrações é a educação ambiental, que as prefeituras dizem desenvolver com os alunos nas escolas. Procuradas pela reportagem, Mauá e Rio Grande da Serra não se pronunciaram.

DEBATE - Batizada de COP15, a 15ª Conferência das Partes da ONU (Organização das Nações Unidades), discutirá, a partir de amanhã, em Copenhague, na Dinamarca, o aquecimento global.

O foco do debate é a definição de metas pelos países para diminuir a emissão dos gases causadores de efeito estufa. Estes são responsáveis por reter calor na superfície terrestre, influindo nas mudanças climáticas.

Billings sofre com assoreamento de bacia

Quando a dona de casa Joseane Aparecida Florentino, então com 5 anos, mudou-se para as margens da Represa Billings, na região do Alvarenga, em São Bernardo, ela podia pisar imediatamente na água assim que saísse de casa. Hoje, 18 anos depois, apesar de estar na mesma residência, ela precisa andar 20 metros se quiser molhar os pés.

O assoreamento da bacia, acelerado pelo adensamento populacional, é o que mais tem contribuído para a diminuição do volume da represa. Joseane pode perceber as mudanças pelas cores. Antigamente, à sua frente, havia uma faixa de água azul, hoje, só existe uma planície alagada e verde, que serve de pasto e até campo de futebol.

"Agora a água está voltando, mas, quando a seca é maior, é possível até atravessar andando por onde um dia foi represa", afirmou a dona de casa, que mora com o marido e dois filhos.

A evidente degradação mostra como os recursos naturais podem escassear. A avanço da população sobre a represa aumenta a poluição nas águas e destrói a cobertura vegetal do manancial.

Segundo o geógrafo Maurício Waldman, previsões apontam que a concentração de gases de efeito estufa pode fazer com que a temperatura do planeta aumente entre 1°C e 4°C no período de 30 a 50 anos.

"O mundo está voltado para isso, mas as mudanças vão acontecer nos lugares onde a gente vive. Por isso é preciso a atenção dos municípios", completou a coordenadora da Agência e Núcleo Ambiental da Universidade Metodista, Waverli Neuberger.




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