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Vendas do comércio no ano passado decepcionam setor
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
04/01/2006 | 08:36
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Ao contrário do que se esperava, as vendas no Natal foram apáticas em dezembro nos principais segmentos do comércio no país. Segundo balanço da Alshop (Associação Brasileira dos Lojistas de Shoppings), o volume comercializado do mês passado cresceu 3,5% em comparação a igual período de 2004, na média das principais regiões metropolitanas. A projeção anterior era de expansão de 8% a 10%. No Estado, a Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) contabilizou expansão de apenas 1% nas vendas – menos da metade do previsto.

O comércio da região ainda não soltou balanços, mas, a julgar pelo movimento das duas semanas pré-Natal, deve ter um resultado em dezembro bem superior aos números nacionais. Os shoppings registraram um movimento no período 25% maior do que em 2004.

A culpa da performance abaixo das projeções iniciais em nível nacional – mais uma vez – recai sobre o alto nível de endividamento do consumidor, que travou o comércio no segundo semestre. As associações representantes do setor concluem que o aumento da oferta de crédito sem crescimento proporcional da massa salarial deixou o trabalhador com o freio de mão puxado nas compras de fim de ano.

"Consumidor endividado gasta menos ou pensa duas vezes antes de comprar. Por esse motivo, as vendas no comércio no mês passado registraram desempenho tímido, apesar de ainda positivo", avalia o diretor da Alshop, Luis Augusto da Silva.

Embora as vendas do mês passado tenham registrado ligeiro crescimento no confronto com dezembro de 2004, o acumulado do ano fechou no azul. Em 2005, os shoppings venderam 7% mais que no ano passado.

Além do alto nível de endividamento do consumidor, juros altos e instabilidade no cenário político do país contribuiram para uma performance aquém do esperado, na avaliação das associações.

Otimismo – O desempenho anêmico das vendas de dezembro não revela, no entanto, o ânimo do consumidor em gastar. O trabalhador brasileiro chegou mais otimista ao final de 2005, segundo o Inec (Índice Nacional de Expectativa do Consumidor), divulgado terça pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

De acordo com a pesquisa, a expectativa em relação ao desempenho da economia brasileira melhorou em 2005. O Inec cresceu 2,9%, de 99 pontos no terceiro trimestre de 2005 para 101,9 pontos no último trimestre do ano passado.

Segundo a CNI, em um ano de incertezas provocadas pela crise política vivida pelo país, esta foi a primeira alta no ano, depois de três quedas consecutivas nos trimestres anteriores. "Foi um avanço, já que 2005 foi um ano de frustrações nas expectativas em relação ao desempenho da economia", diz Marcelo Azevedo, economista da Unidade de Política Econômica da CNI. "O indicador rompeu uma tendência. Mas não é possível afirmar ainda que estamos diante de uma tendência nova e que esse bom resultado vai se repetir nos próximos trimestres", salientou.

Estoques – Segundo a Fecomercio, apenas 7% dos lojistas estocaram menos no final de 2005. Entre os entrevistados, 47% disseram que os estoques estavam iguais, e para 45% o nível superou o registrado em 2004. A elevação se deve à expectativa inicial de que as vendas seriam mais aquecidas do que as apuradas em 2004.

Quanto às formas de pagamento utilizadas pelos consumidores, a sondagem da Fecomercio aponta que o cartão de crédito se manteve na liderança, utilizado em 30% das transações. Das compras, 22% dos pagamentos foram parcelados no cartão de crédito. Outras formas, como carnês, responderam por 17%. Já a opção à vista respondeu por 16% das transações e cheques pré-datados por 14%.




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