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Unifesp mais próxima de Diadema
Por Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
29/03/2005 | 14:26
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Tudo indica que Diadema vai abrigar um campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) para o oferecimento de cursos na área da Saúde. O secretário Nacional de Educação Superior, Nelson Maculan, afirma que o pedido está no MEC (Ministério da Educação) e que o governo federal está disposto a aceitá-lo. “A reitoria da Unifesp pretendia se expandir para outros campos de conhecimento, mas pretendemos autorizar a abertura de cursos somente na área da Saúde, pelo menos por enquanto, como ocorreu em Santos (Litoral Paulista), que neste ano recebeu um campus federal”, garante. Maculan esteve segunda-feira na Assembléia Legislativa de São Paulo em debate organizado por deputados do PC do B sobre a reforma universitária, projeto que o MEC pretende encaminhar ao Congresso Nacional até o fim deste ano.

A proposta da extensão do campus da Unifesp para Diadema foi apresentada pelo reitor da instituição, Ulysses Fagundes Neto, depois de ter recebido a negativa do governo federal para assumir o projeto da futura UFABC (Universidade Federal do Grande ABC). Em novembro do ano passado, diante da dificuldade do governo em ver aprovado pela Câmara dos Deputados o projeto de lei de uma instituição pública de ensino superior na região, foi divulgado como alternativa o campus estendido da Unifesp, que tem pretensão de atuar em outras áreas de conhecimento. Fundada há 70 anos, a antiga Escola Paulista de Medicina quer passar por reformulação e oferecer cursos de graduação e desenvolver pesquisas não só em Medicina.

Caso tivesse mantido a proposta da Unifesp, o governo não precisaria de apoio do Congresso. Para isso, bastava que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinasse a aprovação. Mas como era preciso que a nova instituição tivesse a marca do PT e levantasse a bandeira da reforma universitária, cedeu às pressões da oposição que não queria ver a UFABC aprovada. Logo depois que deu entrada no Legislativo, em julho de 2004, o PFL baiano obstruiu a votação em plenário. A pauta estava trancada com MPs (Medidas Provisórias). Para votar a criação da UFABC, o PFL baiano exigiu que fosse apresentados projetos de criação de instituições de ensino superior em outros estados brasileiros.

A pressão surtiu efeito e o governo anunciou que criaria mais duas universidades: Recôncavo Baiano e Grande Dourados (MS). Deste modo, o projeto de criação da UFABC foi aprovado no último dia 16 pela Câmara. Agora, o projeto só depende do Senado.

Articulação – No início deste mês, quando constatou que o MEC não autorizaria extensão para Santo André, o reitor da Unifesp, Ulysses Fagundes Neto, tratou de articular de outra maneira a vinda da instituição para o Grande ABC. Como teve conversa anterior com o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), sobre a possibilidade em se instalar na cidade, apresentou proposta ao governo. A instituição tem íntima relação com a administração de Diadema, visto que mantém inúmeros convênios na área da Saúde. O município, por outro lado, não quer deixar a oportunidade passar.

O prefeito não fala abertamente dessa possibilidade, mas o deputado estadual Mário Reali (PT), do mesmo grupo político que Filippi, adiantou que a administração tem até prédios públicos a serem oferecidos à Unifesp. “Temos conhecimento que Diadema carece de profissionais na área da Saúde, portanto, tudo indica que a aprovação deve sair, pois o argumento é bom”, revela Nelson Maculan, secretário Nacional de Educação Superior. Ele lembra que a criação de mais vagas públicas em graduação é uma das metas previstas na reforma universitária. “O governo tem dotação orçamentária para criar novas universidades e autorizar a extensão de campus federais para ampliar a oferta de vagas públicas. Para isso, o MEC vai injetar recursos de forma gradativa para possibilitar a reforma”, completa.

Pesquisa – Além do aumento de vagas, o MEC pretende investir mais recursos federais no desenvolvimento de pesquisas nas universidades do país. “Se o Brasil crescer 3,5%, 4% ao ano, em cinco anos não teremos condições de manter o mesmo ritmo de crescimento. Por isso, a pesquisa tem de ser estimulada. Hoje, 80% das pesquisas no país são desenvolvidas em centros tecnológicos de universidades, porque o setor privado investe pouco. Mas isso não indica que o setor público investe muito. O Brasil não tem nenhum prêmio Nobel, por exemplo, o que legitima nossa intenção de investir em pesquisa, em formar não só profissionais de qualidade, mas doutores”, sustenta Nelson Maculan.

A UFABC, quando fisicamente instituída, receberá investimento pesado para o desenvolvimento de pesquisas e na formação de profissionais capazes de atuar na área tecnológica. “Por esse motivo que a universidade do Grande ABC terá modelo inovador, um perfil tecnológico. A pesquisa também gera receita, dá mais autonomia à instituição. A meta do MEC é justamente fazer escola”, completa o secretário Nacional de Educação Superior.



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