Cultura & Lazer Titulo CCBB
Em busca de Identidade
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
31/08/2010 | 07:07
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Estreia hoje, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em São Paulo, Mulheres que Bebem Vodka, peça do mexicano Victor Hugo Ráscon com direção de Lígia Cortez. O texto, com bom humor, retrata o êxodo de um grupo de mulheres polonesas para o México em busca de sobrevivência.

"Elas saíram do seu país em um período de desemprego muito grande, onde os trabalhos eram exclusivos para homens. Por mais diplomas que elas tivessem, foram obrigadas a fugir para não acabar como faxineiras", conta Lígia.

No novo país, um projeto as agita. Ewa (Selma Egrei) produz um casting para as gravações do longa Estação Varsóvia, adaptação do romance de Joanna (Patrícia Gasppar). As duas eram amigas de longa data na Polônia, mas estavam afastadas por circunstâncias da vida.

Juntam-se às duas as atrizes Aniela (Maria Manoella) e Bárbara (Martha Nowill) e Concha, única mulher não polonesa, vinda de um período de guerra na Guatemala.

No encontro de velhas e novas amigas um jogo entra em cena. O passado se mistura ao presente e a busca por origem faz reflexo no projeto cinematográfico, que aparece como tentativa de busca de reconhecimento e recriação da identidade em novo solo.

"O caminho que percorremos foi fazer da história destas duas pátrias, tão diferentes da nossa, uma metáfora para a questão de ser reconhecido. É uma casa simbólica, onde o trabalho que se tem é conquistar nova vida e se sentir pertencente a esse novo espaço."

PROJETO
É o segundo texto mexicano que Lígia dirige. O primeiro, em 2003, foi Estrelas do Orinoco, de Emilio Carballido. "Gosto muito do teatro da América do Norte. Este texto é muito diferente das coisas que Ráscon normalmente escreve. Ele sai da linha mais engajada para tratar as questões sociais que tanto aborda de maneira mais leve e engraçada."

Mesmo em tom menos ácido e crítico, o enredo conserva o calor latino. "É uma epopéia típica mexicana, com riso, choro, sofrimento e desespero", completa a diretora.

A vodka no lugar da tequila, ainda de acordo com Lígia, não diz nada além da representação do que faz falta no dia a dia dessas mulheres. "A metáfora maior para a bebida que as acompanha é a solidão, o desespero e a falta de interlocução. É o elemento que o ocupa o espaço de alguém que se importe com elas."

Mulheres Que Bebem Vodka - Teatro. No Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112, São Paulo. Tel.: 3113-3651. Ter. a 5ª, às 19h30. Ingr.: R$ 15. Até 11 de novembro.




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