Cultura & Lazer Titulo Especial Museus
100 anos de história
em Santo André

Prédio do Museu celebra centenário com
mostra que homenageia passado como escola

Por Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
28/09/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


É com a pintura em tom creme e detalhes em amarelo forte, novinha brilhando sob os holofotes, que o prédio do Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa recebe a exposição ‘Um Século de História, da Escola à Memória’, sem data para acabar. Em 1914, o prédio em formato de ‘U’ foi inaugurado para abrigar o primeiro Grupo Escolar da região.

“Nesse prédio funcionou a primeira escola pública da cidade. O significado disso é imenso, porque representa momento de democratização do ensino na região. Por essas salas, passaram pessoas que fizeram a história do Grande ABC e que guardam uma memória afetiva forte daqui. Isso tudo faz deste museu algo muito vivo dentro das pessoas”, analisou o secretário de Cultura, Raimundo Salles, na inauguração da exposição sobre o tempo em que o imóvel era escola.

De fato, as lembranças daquela época ainda estão muito vivas, tanto para ex-alunos quanto para professores. “Meu coração ficou aqui. Eu fecho os olhos e vejo esse pátio cheio de alunos. Me lembro de pegar nas mãos deles para ensinar as letras”, conta a professora Maria Eglantina Castro Duarte Barros, 83 anos que, por décadas, foi a oradora oficial do corpo docente do Grupão. Sua irmã caçula, Francisca Castro, 69, que lecionava Ciências e já está aposentada afirma: “É uma profissão que não sai do coração da gente.” Hoje, graças à tecnologia, ela está retomando o contato com os ex-alunos no Facebook, onde criou o grupo Zé Augusto, referência carinhosa ao colégio que tem o nome oficial Professor José Augusto de Azevedo Antunes e, que desde 1978, funciona em outro endereço.

Mas, da primeira escola, ninguém esquece. Mesmo quem foi criança há mais de 60 anos, ainda lembra com clareza da professora que ensinou as primeiras letras. “Estou emocionada. Aqui tem muitas lembranças. Eu e meus irmãos estudamos no primário” , diz a ex-aluna Vera Lúcia Romandini, 67, que contribuiu com fotos para a exposição e se diverte vendo as imagens antigas.

Para a arquiteta Fátima Leal, gerente do museu, o grande desafio desta exposição foi conciliar a riqueza do acervo com o espaço disponível. “Essa mostra foi muito desejada pelos ex-alunos. Mas, além do aspecto da emoção, ela é importante porque documenta a política educacional da Primeira República (1889 a 1930)”, afirma Fátima. “Nossa missão é ser um museu vivo, atuante”, diz.

Esta é a primeira das reportagens especiais, que vão destacar os acervos e as características dos museus da região e da Capital. Tem alguma sugestão? Mande e-mail para marcelamunhoz@dgabc.com.br

 

Dr.Octaviano Gaiarsa ainda presente - Médico, escritor, jornalista, fotógrafo, artista plástico, filatelista, numismata. Há muitas formas de descrever a pessoa a quem o Museu de Santo André homenageia no seu próprio nome. “O meu pai era homem de múltiplos talentos. Além de ser médico de família, tinha interesse em várias áreas e sempre alcançava excelência no que se dedicava”, conta o seu primogênito, Angelo Gaiarsa Neto. Nascido em 1911, Octavianao Armando Gaiarsa estudou no primeiro Grupo Escolar, exatamente no prédio que hoje abriga o Museu de Santo André, que leva o seu nome.

Uma das suas paixões, diz seu filho, era a história da cidade que se traduziu em dois livros: A Cidade Que Dormiu 300 anos e >Santo André Ontem, Hoje e Amanhã. Para o museu, estabelecido em 1990, o médico que morreu em 2005, aos 93 anos, doou grande acervo de livros, documentos e mais de 4.000 fotografias.

Raio X
> Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa (Rua Senador Fláquer, 470, Centro), em Santo André. Estacionamento para visitantes: Rua Dona Gertrudes de Lima, 499, Centro
> Contato: 4427-7297, 4436-3631 e museu@santoandre.sp.gov.br
> Responsável: Fátima Leal
> Entrada gratuita
> O prédio foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), em 2010.
> Além do acervo permanente e das exposições, realiza parcerias de natureza cultural, como apresentações de teatro e música, e eventos relacionados.




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