Economia Titulo Indústria automobilística
Autopeças registram queda no número de pedidos

A volta gradual do IPI em outubro leva montadoras
a adotar cautela para o último trimestre deste ano

Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
10/08/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


As autopeças começam a se preparar para redução no volume de encomendas para o último trimestre deste ano. Com isso, fornecedores da indústria automobilística já não trabalham com previsão de um mercado interno de 3 milhões de unidades para 2009, resultado projetado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

"Nos pedidos para o último trimestre há redução na quantidade de encomendas das montadoras que varia de 8% a 10% em relação aos níveis atuais", afirmou Francisco Cuesta, diretor de recursos humanos da divisão de componentes de iluminação da Valeo, multinacional francesa que possui 11 fábricas no Brasil e detém 30% do mercado nacional de faróis e lanternas.

De acordo com Cuesta, a volta gradual da cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) a partir de outubro é um dos motivos da redução dos pedidos. Outro fator é a queda no ritmo da produção a partir de dezembro, quando os fabricantes normalmente dão férias coletivas para manutenção das linhas.

"A projeção da Valeo é de que o mercado encerre este ano com 2,850 milhões de unidades, praticamente do mesmo tamanho de 2008", aposta Cuesta, para quem o resultado ainda seria excepcional diante da crise que afetou todo o setor a partir de setembro do ano passado.

"Já verificamos redução nos pedidos para os últimos três meses do ano, mas ainda não sabemos dimensionar o tamanho", afirmou Marcus Vinícius, diretor da Sabó, multinacional brasileira que detém 65% do mercado nacional de mangueiras e borrachas de vedação.

"É por isso que consideramos que há um otimismo quando se diz que o mercado chegará a 3 milhões de veículos em 2009", justificou. De acordo com Vinícius, a projeção da Sabó é de 2,9 milhões de unidades para o mercado interno neste ano.

A indústria automobilística planeja sua produção com pelo menos alguns meses de antecedência. Fornecedores têm de se preparar para atender os pedidos, já que integram uma cadeia complexa que se utiliza de diversas matérias-primas.

Leandro Antonio Ribeiro, coordenador de marketing e produtos da Olimpus Automotive, que fornece soluções eletrônicas para montadoras, também concorda com uma projeção de 2,850 milhões de unidades.

A Olimpus destinará componentes para 190 mil veículos neste ano. Brasileira, a empresa aposta em novas tecnologias, como o novo módulo de iluminação que passa a equipar o Polo e o Golf, para manter a cadência dos pedidos, mesmo num mercado menor.

Segmento estabilizou quadro de empregos

A produção no setor de autopeças passou por uma gangorra entre setembro de 2008 e abril do ano passado. Várias empresas tiveram queda de até 50% em função de redução nas exportações e nas vendas do mercado doméstico.

Para evitar demissões em massa, houve acordos para diminuições de salário e jornada. O setor voltou a se recuperar em maio, inclusive com o aproveitamento de dispensados. Atualmente, o emprego está estabilizado em várias empresas, mas num patamar ainda abaixo do início da crise.

"Recuperamos muitos postos, mas ainda não atuamos com o mesmo quadro de pessoal", afirmou Marcus Vinicius, diretor da Sabó, empresa brasileira que tem fábrica nos Estados Unidos, China, Hungria e Alemanha. No Brasil, a companhia tem 2.100 mil empregados e fornece sistemas de vedação para todas as montadoras.

Michael Ketterer, diretor de vendas da MWM International, fabricante de motores à diesel, disse que a empresa projeta retomar o terceiro turno de trabalho com a contratação de outros trabalhadores se o mercado continuar em recuperação. A empresa tem atualmente 3.000 funcionários,

Não há estimativa segura do total de empregados nas autopeças. Só nas montadoras, a Anfavea contabilizava em junho 120.377 empregados.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;