Cultura & Lazer Titulo Atuação
Desafio de atuação para Márcio Garcia
Por Da TV Press
26/01/2009 | 07:00
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Você saiu da Globo e foi para a Record após Celebridade e, cinco anos depois, retorna como protagonista do horário nobre e com salário de ator e apresentador. Como aconteceu o convite do diretor Marcos Schechtman para esse regresso?

MÁRCIO GARCIA- Quando terminou meu contrato com a Record, não chegamos a um acordo financeiro e tivemos divergências de ideais nas produções. O Marcos Schechtman soube disso e me ligou para falar sobre a novela. Nisso, começou todo um processo de sedução e a Globo fez uma proposta que me atraiu. Voltei também pelo lado emocional. Trabalhei 11 anos na Globo e isso contou muito. Fiquei feliz com o crédito que a emissora me deu. Estava querendo voltar a atuar e fiquei fascinado com esse universo da Índia que a Glória (Perez) me apresentou. Me confortou fazer uma novela, mudar um pouco, ter tempo para novas ideias, outra rotina.

Mas o cotidiano de gravação de novela é muito mais trabalhoso que o de apresentador.

GARCIA - Mas esse protagonista me motivou. Tive a oportunidade de me esvaziar de todos os meus preconceitos, tudo que estava formatado pela minha educação e meus hábitos ao longo da vida. O Bahuan não pertence ao meu mundo e é absolutamente diferente de todos os meus outros personagens. Absorvi essa cultura para entender um pouco desse universo tão complexo, as castas, a religião milenar. No Ocidente, estamos acostumados a conviver entre judeus, ateus, umbandistas, católicos. Lá a fé de todos está relacionada com a família, a cultura e o negócio. Não existe esse individualismo do Ocidente. Essa forma de pensar aglutinada é diferente do que estamos acostumados. Pude absorver esses costumes sem julgar. Me despi de todos os preconceitos.

Quais pesquisas você utilizou para compor esse personagem, desde os workshops para a trama até sua viagem à Índia?

GARCIA - Todos que pude, como aulas de dança, culinária, vestimentas, como eles se limpam. Aprendi que os indianos só comem com a mão direita e só se limpam com a esquerda, sem guardanapos. Assisti a muitos filmes, como o "Um Casamento à Indiana", mas nada se compara à viagem. Nunca havia estado na Índia. Foi lá que comecei de fato a entender como são as pessoas, toda aquela miséria. Eles têm mais de mil deuses, é tudo muito espiritual, tudo tem a ver com o carma deles. Eles não almejam nada dos outros, você não vê inveja. Foi uma grande lição perceber a conformidade deles.

Essa conformidade é justamente o que seu personagem não tem. Mesmo como ‘intocável', ele luta pelo amor de uma mulher de uma casta superior. Como isso vai ser mostrado?

GARCIA - É um Romeu e Julieta diferente. O fato de ele ser um ‘intocável', o faz um cara excluído, um pária. Lá as castas são herdadas, não conquistadas. Vem de geração em geração. Por isso, o Bahuan duvida se tem o direito de se envolver com a Maya. Na Índia, o casamento é entre famílias. A mulher vai morar na casa da família do marido. Ele vai viver neste início entre a cruz e a espada. Na Índia, dizem que o casamento é uma panela de água fria com fogo baixo. Com o tempo, vai aquecendo e se transformando. Na nossa cultura, a gente casa com a panela fervendo e, com o tempo, vai esfriando. Mas o amor dele é avassalador e dramático porque a relação entre os dois pode significar uma desgraça para ambas as famílias durante gerações por ele ser ‘intocável'. Isso deve gerar muita polêmica para nós, ocidentais.




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