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O melhor personagem

Assuntos controversos pontuam a biografia O Mago - A Extraordinária História de Paulo Coelho

Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
04/06/2008 | 07:00
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Internações psiquiátricas, cultos satânicos, consumo excessivo de drogas e relacionamentos homossexuais. Esses e outros assuntos controversos pontuam a recém-lançada biografia, O Mago - A Extraordinária História de Paulo Coelho (Planeta, 632 págs., R$ 60), do escritor e jornalista Fernando Morais. Desde o último sábado (31), quando chegou às livrarias, a obra já vendeu cerca de 10 mil exemplares, número expressivo para o mercado brasileiro. A primeira edição do livro, que deverá ser publicado em 47 países, conta com 100 mil exemplares.

Autor de biografias bem-sucedidas no mercado editorial, como Chatô, o Rei do Brasil e Olga (sobre a militante comunista Olga Benário), Morais garantiu que não sofreu qualquer tipo de restrição. "Foram quatro anos extremamente exaustivos e estressantes. No nosso primeiro encontro, disse que ele não leria os originais do livro. Para minha surpresa, ele topou. Sofri um dilema ético e me perguntei se poderia revelar certas coisas. Minha consciência só se tranqüilizou quando vi que não estava sendo aético e que se o próprio Paulo não tinha imposto a censura, eu não poderia me censurar", explicou o jornalista.

Resultado de intensa pesquisa - que incluiu a leitura de dezenas de diários escritos pelo biografado -, O Mago detalha a trajetória conturbada de um homem que sempre alimentou a idéia de se tornar uma celebridade no universo literário. Desde o nascimento (quando quase morreu, por conta de uma asfixia com o líquido amniótico) teve de superar adversidades.

"O Paulo tinha tudo para dar errado. A vida colocou tantos obstáculos para ele, que era para ter se suicidado. Ele tentou algumas vezes", afirmou Morais, que concedeu entrevista coletiva pela internet, ontem à tarde.

Influenciado pelo desbunde hippie e interessado desde sempre em questões esotéricas, o ‘mago' foi internado três vezes em clínicas psiquiátricas do Rio, por iniciativa do próprio pai, que não compreendia seu comportamento. Em seus tratamentos, passou por sessões de eletrochoque.

REVELAÇÕES
Entre as passagens polêmicas do livro, está a que descreve uma experiência mística vivida por Paulo Coelho na Alemanha, no início da década de 1980. "Ao visitar um campo de concentração nazista, ele viveu um epifania. Viu uma luz e ouviu uma voz que propôs um encontro com ele em algumas semanas. Não importa se foi uma epifania ou um surto psicótico. Uma coisa importante aconteceu. Depois disso, abandonou as drogas, o satanismo e passou a ser um bom marido", contou o autor.

Embora se defina como ateu, Morais não duvidou dos relatos de Paulo Coelho, que já promoveu sacrifícios de animais em cerimônias macabras.

Durante o processo de produção do livro, outros episódios deprimentes vieram à tona. Quando era jovem, o ‘mago' não prestou socorro a um garoto que atropelou em um acidente automobilístico, ocorrido em uma segunda-feira de Carnaval. "O Paulo me pediu para ir atrás desse garoto, para saber onde e como ele estava. Ele não acredita em coincidências, mas descobri que 35 anos depois daquele acidente, esse mesmo garoto foi assassinado em uma segunda-feira de Carnaval", lembrou Morais, em tom enigmático.

A curiosidade em relação ao homossexualismo fez com que o escritor popstar recorresse a um garoto de programa da Galeria Alaska, reduto da comunidade gay carioca nos anos 1970 e 1980.

TORTURA
Morais revelou na entrevista que só teve acesso aos diários de Paulo depois de aceitar um desafio proposto pelo biografado, que foi torturado durante o regime militar.

"Ele gosta muito de apostas e disse que eu poderia ver os diários que estavam nesse baú - uma arca que as famílias de antigamente usavam em viagens longas -, se descobrisse quem foi o policial que o torturou no interior do Paraná, em 1969. Eu fui atrás e descobri."




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