Economia Titulo Negócios
Abertura de empresas cresce 15,4%

Levantamento da Jucesp mostra que no 1º semestre foram
criadas, no Grande ABC, 11.652 firmas e 1.971, fechadas

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
13/08/2012 | 06:52
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As sete cidades ganharam, durante o primeiro semestre, 9.681 empresas - volume 15,4% superior ao registrado de janeiro a junho de 2011, com 8.392 empreendimentos. O saldo é resultado da abertura de 11.652 companhias menos o fechamento de 1.971. O número de firmas que abriu as portas na região nos primeiros seis meses é 15,6% maior do que o obtido no mesmo período do ano passado (10.081). O total dos negócios encerrados supera em 16,6% o montante de 2011 (1.689).

Isso é o que aponta levantamento da Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) realizado a pedido da equipe do Diário.

A abertura de negócios no Brasil sempre supera o fechamento por conta da alta burocracia existente - para uma empresa deixar de existir é preciso que se pague tudo o que deve, quitando débitos tributários, trabalhistas e bancários. Tanto que, segundo o estudo do Banco Mundial Doing Business 2012, o tempo para encerrar atividade é 12 vezes superior ao para iniciá-la. Leva-se em média quatro meses para começar um empreendimento e cerca de quatro anos para decretar o seu fim.

ABERTURA - Do primeiro semestre do ano passado para este, o Grande ABC ganhou 1.571 companhias. Na avaliação do advogado tributarista Miguel Silva, do escritório Miguel Silva & Yamashita, os números mostram que, mesmo com a economia caminhando a passos lentos, principalmente por conta dos reflexos da crise externa, que deixou muitos mercados consumidores do País em recessão, o brasileiro tem espírito empreendedor. "O cenário não deveria proporcionar maior abertura de empresas do que em 2011. Mesmo ouvindo sobre as turbulências as pessoas não se intimidam e iniciam empreendimento."

O levantamento da Jucesp revela que das 11.652 novas firmas 72,3% ou 8.430 são empreendedores individuais. Apenas 1.878 são microempresas, 604 são pequenas e 740 são médias e grandes companhias.

Pode ser EI (Empreendedor Individual) quem fatura anualmente até R$ 60 mil, tem até um empregado e desenvolve atividade que não seja regulamentada, a exemplo de cabeleireiro, vendedor de hot-dog, pequeno comércio ou prestação de serviço de obras de alvenaria. Para sair da informalidade, o EI paga valor reduzido de tributos de R$ 31,10 (INSS, para garantir a aposentadoria), R$ 5 (caso de prestadores de serviço, que contribuem com ISS) e R$ 1 (comércio e indústria, que pagam ICMS).

Para a secretária-geral da Jucesp, Gisela Simiema Ceschin, o aumento da abertura de empresas no Grande ABC foi bastante expressivo por conta dos EIs. "A região possui muitos trabalhadores que querem ter o próprio negócio, principalmente na área de serviços." Nas sete cidades, há o predomínio da regulamentação de atividades de pequenos comércios varejistas, cabeleireiros e estética corporal.

O crescimento de EIs na região indica, inclusive, na opinião de Gisela, que muitos dos que perderam o emprego com registro em carteira transformaram-se em empresários. É a concretização do sonho de eliminar a figura do patrão.

 

Região perde 282 negócios a mais do que em 2011

 

A região perdeu 282 empresas a mais no primeiro semestre frente na comparação com os primeiros seis meses do ano passado. O total de companhias que fecharam as portas subiu de 1.689 para 1.971. Para o advogado tributarista Miguel Silva, do escritório Miguel Silva & Yamashita, os dados não sinalizam queda na burocracia para o encerramento das atividades. "Os governos municipais, estaduais e federal não se apresentam como parceiros do empreendedor. Quem gera emprego e renda é a iniciativa privada. O governo só gasta e proporciona grande burocracia que, muitas vezes, as companhias não conseguem superar e morrem."

De fato, dados do Sebrae-SP mostram que, em média, 30% das novas firmas decretam falência antes de completarem um ano. Outro fator que contribui à estatística é que muitos empresários custam a perceber que seu negócio não é viável, seja por entrar em um setor muito competitivo ou por não ter muita experiência nele.

POSSIBILIDADES - Mais otimista, a secretária-geral da Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), Gisela Simiema Ceschin, acredita que haja fortes indícios de boa parte dos fechamentos terem sido motivados pelo lançamento neste ano do Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada). A modalidade elimina o sócio laranja e separa o patrimônio pessoal do profissional. A contrapartida, entretanto, é a disponibilidade de capital correspondente a 100 vezes o valor do salário-mínimo, ou seja, R$ 62,2 mil. A região ganhou 312 Eirelis no semestre.

Gisela cita também a possibilidade de muitos empreendedores individuais terem ampliado seu faturamento (que até o fim do ano passado podia chegar a R$ 36 mil e neste ano saltou para R$ 60 mil) e, então, encerrar o negócio para abrir outro com a nova classificação de pessoa jurídica.

 

 




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