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Diretor do DAE mira
padrão de gestão privada

Welington Kalil, de São Caetano, dedicou 1º ano
da gestão para planejar alterações administrativas

Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
28/12/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O diretor do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de São Caetano, Welington Kalil, disse em entrevista exclusiva ao Diário que dedicou o primeiro ano de sua gestão à frente da autarquia para planejar alterações administrativas. A intenção é estabelecer padrão adotado na iniciativa privada no serviço público. Em vez da postura atual que faz investimentos corretivos quando imprevistos ocorrem, Welington quer que a atuação seja preventiva. Ou seja, evitar possíveis erros que possam interromper o abastecimento de água ou coleta de esgoto, melhorar a qualidade do serviço e otimizar gastos no setor. “O DAE, se comparado com outros municípios vizinhos, está bem atrasado. Temos toda estrutura bem instalada, somos privilegiados por não ter favelas. São condições totalmente favoráveis. Só que você não verifica mecanismos de controle de perdas, você não verifica a situação dos setores”, explicou o diretor. Welington é filho do secretário de Saúde e presidente da Fumusa (Fundação Municipal de Saúde), Sallum Kalil Neto, e, juntos, administram 33,2% do Orçamento de R$ 1,022 bilhão do Paço para 2014. O diretor negou que haja interferência de seu pai nas decisões da autarquia e de outras Pastas do governo. “O Sallum é uma pessoa de confiança do prefeito e que tem experiência na administração pública. O que acontece é que ele é consultado por outros secretários sobre algum ponto a ser estudado, mas a decisão é sempre do secretário juntamente com o prefeito. Nosso homem-forte chama-se Paulo Pinheiro.”

DIÁRIO – Neste primeiro ano no comando do DAE, qual foi o principal projeto da autarquia no balanço de obras?

WELINGTON KALIL – Logo que assumimos o DAE, o (prefeito) Paulo Pinheiro (PMDB) solicitou que fizéssemos planejamento para os quatro anos de administração. Curto, médio e longo prazos. Dividimos todos nossos chefes de divisões e cada um deles apresentou projeto. Estamos contratando a reestruturação organizacional do DAE. Temos problemas hoje na estrutura, principalmente com relação ao plano de cargos, carreiras e salários. Há distorção muito grande entre funcionários do mesmo setor. A partir do ano que vem, vamos começar a colocar em prática e executar todo planejamento. Hoje, o DAE, comparado com outros municípios vizinhos, está bem atrasado. Temos toda estrutura bem instalada, somos privilegiados por não ter favelas. São condições totalmente favoráveis. Só que você não verifica mecanismos de controle de perdas, você não verifica a situação dos setores. Um dos pontos do nosso planejamento foca na questão de perdas. Faremos a macromedição do municípios e vamos instalar a microssetorização do município. O que isso significa? A gente vai subdividir o município em subsetores menores para ter controle mais efetivo. Estamos criando um CCO (Centro de Controle Operacional), que vai interligar as informações de diversas áreas e proporcionar indicadores para nós monitorarmos o desempenho da autarquia ao longo do tempo.

DIÁRIO – Então o primeiro ano ficou resumido ao planejamento e organização administrativa?

WELINGTON – Com certeza. Vamos começar a investir bastante em tecnologia e também na humanização e qualificação dos nossos funcionários. Neste ano, instituímos um programa no início do ano que se chamou ciclo de treinamentos. Nós fizemos pesquisa de clima organizacional que detectou série de carências. E nós planejamos série de treinamentos ao longo do ano para mudar esse panorama. O Oscar (Schmidt, ex-jogador de basquete) fez palestra sobre trabalho em equipe. Depois teve palestra com um mágico falando sobre a motivação do funcionalismo público. E nós tivemos, recentemente, uma palestra com o Rafael Baltresca sobre o poder da superação. Então, ao longo do ano, nós reunimos nossos servidores para falar de treinamento sobre qualificação. Eles têm de estar preparados tanto profissional quanto pessoalmente. O nosso foco é prepará-los para a vida. Porque se um dia surgir a oportunidade, eles têm de estar preparados para enfrentar. Queremos levar um pouco da experiência que temos no setor privado para o setor público.

DIÁRIO – Qual a previsão de novos projetos na autarquia e qual é a dependência de auxílios dos governos federal e estadual para investimentos? Recentemente, o DAE habilitou projeto para ampliação da rede de coleta de esgoto via Ministério das Cidades.

WELINGTON – Investimentos hoje são complicados. O município tem carência no setor de drenagem urbana. Hoje temos 100% de rede de água e coleta de esgoto implantadas e tratamento de esgoto. Mas temos hoje também cerca de 100 quilômetros de rede de drenagem implantadas. Para atender ao município todo, precisaríamos dobrar esse quadro. Só que é investimento extremamente pesado. Precisaria de uns R$ 200 milhões, R$ 300 milhões. Nós não temos a mínima condição de arcar com esse investimento. Então, precisamos recorrer sim aos recursos federais. Nós estamos na fase final de processo licitatório que vamos colocar no mercado de engenharia consultiva. Esse processo vai gerar demandas. Diagnósticos da nossa rede e prognósticos para os próximos 30 anos. Daí vão surgir as demandas de investimentos. A partir de agora nós queremos fazer investimentos não só corretivos, mas também preventivos. Isso diminui bastante o valor das obras. Isso nunca foi feito, até hoje só se faz o corretivo. Tem problema, vai lá e executa. A gente quer mudar esse quadro. Ter diagnóstico da rede, ver o que o município precisa e a partir daí entrar com investimentos preventivos. Por exemplo, quando detectarmos que a rede não está mais adequada devido ao adensamento daquela região, vamos aumentar a capacidade para evitar problemas.

DIÁRIO – Neste ano, o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos Integrada foi instituído pelo prefeito Paulo Pinheiro. Qual será principal mudança que essa lei trará para 2014?

WELINGTON – Em abril, a Prefeitura passou a incumbência para o DAE executar o plano. Agora em novembro foi sancionada a lei que passou para o DAE implantar e executar o plano. A partir de agora vamos começar a implantar de fato. Teremos de dar soluções para todos os tipos de resíduos no município. Também o que vai ocorrer no começo do ano será a reestruturação da coleta seletiva. Neste ano nós formamos a primeira turma de catadores de São Caetano e estamos formando uma cooperativa. Esse é um ponto positivo, uma solicitação do Paulo Pinheiro para inclusão social. Será um cooperativa que vai atuar na triagem no centro de coleta seletiva. Os resíduos vão ser entregues na central e a cooperativa vai gerir todo o processo. A partir daquele momento, o resíduo passa a ser deles e será vendido. Hoje, todo o material que entra na central é leiloado pelo DAE.

DIÁRIO – O prefeito disse que vai buscar parcerias para incineração de lixo. Essa mudança na destinação dos resíduos trará economia aos gastos públicos?

WELINGTON – Tudo vai ser estudado. O município vai ter de adotar solução para o resíduo úmido, que é o domiciliar. Se não conseguirmos viabilizar solução interna, com certeza o prefeito vai tentar se associar aos vizinhos. Pode ser ao de São Bernardo (tem projeto para usina de lixo) ou ao de Mauá (em parceria com Santo André quer instalar uma usina de incineração de lixo). Se não conseguirmos solução caseira, a alguns desses (planos) a gente vai ter de aderir. O de São Bernardo nem o de Mauá entraram em operação, estão só no projeto, acredito que no ano que vem ainda não se tenha uma solução. O prazo de implantação de nova tecnologia é para daqui a um ou dois anos, tranquilamente.

DIÁRIO – Quando o sr. assumiu o DAE relatou ao Diário deficit de R$ 11 milhões com previsão de fechar o ano com R$ 6 milhões negativos por conta de Orçamento superestimado. Como o sr. trabalhou com isso?

WELINGTON – Quando assumimos, nos deparamos com histórico de deficits orçamentários no DAE. Acabamos revertendo a previsão de R$ 6 milhões de deficit e gerando superavit. O deficit orçamentário pode ser encarado de várias formas, ele não é de todo ruim. Por exemplo, neste ano vamos ter superavit. Provavelmente no ano que vem, como vamos executar tudo aquilo que foi planejado, poderemos ter deficit. Mas teremos investimentos conscientes e coerentes, o que a gente acabou não vendo nos anos anteriores. Porque muito se gastou e pouco se fez. A gente teve 15% de superavit. Nosso Orçamento estava previsto para ser de R$ 95 milhões e vamos fechar 1,5% acima do orçado. Ano que vem temos previsão de R$ 100 milhões. Já contamos com o reajuste da tarifa da água que é feito pela Sabesp. Só que nesse ano, a gestão passada esperava aumento bem maior do que foi praticado.

DIÁRIO – No passado cogitou-se a privatização do DAE ou entrega dos serviços à Sabesp. Essas possibilidades estão totalmente descartadas?

WELINGTON – Isso é um assunto praticamente encerrado. É muito complicado você discutir passar o DAE para iniciativa privada ou para a Sabesp. Isso ocorre com mais facilidade nos segmentos onde você tem um deficit muito grande. A Sabesp viabilizou a aquisição da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema), porque tinha um passivo gigante (R$ 1,1 bilhão). Vem pleiteando o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) porque também tem passivo gigante. São Caetano é a única cidade da região que não deve nada para a Sabesp, paga em dia e a conta cheia. Nossas redes estão implantadas. A administração fazer a concessão da autarquia é porque não tem necessidades grandes de investimentos. Mas com recursos federais a gente poderá construir essas redes de drenagem que faltam ao longo dos anos.

DIÁRIO – Apesar da pesquisa do Diário ter indicado queda na aprovação do governo, o DAE se manteve como o serviço mais bem avaliado. Ao que o sr. atribui esse indicador?

WELINGTON – Atribuo à seriedade no trabalho, ao planejamento que vem sendo feito, ao treinamento que a gente vem elaborando com funcionários. E também ao comprometimento dos nossos colaboradores. Os servidores do DAE são uma família, realmente vestem a camisa. Então, você aliando todos esses fatores a planejamento e gestão o resultado é positivo.

DIÁRIO – O DAE também seguiu a meta da Prefeitura de reduzir o número de funcionários? Houve PDV (Plano de Demissão Voluntária)para este ano?

WELINGTON – Logo que assumimos a autarquia nos deparamos com uma situação de funcionários antigos que queriam parar de trabalhar, mas não queriam abrir mão de benefícios. Então nós instituímos o PDV basicamente para atender essa mão de obra. São funcionários antigos e de bastante idade que já não tinham condições de trabalho. Estávamos prevendo de sete a 12 adesões e tivemos dez. Foi bem positivo.

DIÁRIO – O sr. se considera um dos homens de confiança do prefeito? Como avalia o fato de você e seu pai, o secretário da Saúde e presidente da Fumusa (Fundação Municipal de Saúde), Sallum Kalil Neto, comandarem quase um terço do Orçamento do Paço?

WELINGTON – Considero ser uma pessoa de confiança do prefeito, todos os secretários são de confiança. Não é porque o Sallum chefia outra secretaria (que essa confiança possa ser maior). Não existe nenhuma interferência na gestão do DAE, assim como não existe na Saúde. Quem responde pelo DAE sou eu e sempre alinhado à estratégia que o prefeito solicita. Sentamos com o prefeito, planejamos e executamos. O que existe sim, nas reuniões com todos os secretários, são discussões de alguns pontos abordados no sentido de contribuir. Não há interferência no processo. O Sallum é uma pessoa de confiança do prefeito e que tem experiência na administração pública. O que acontece é que ele é consultado por outros secretários sobre algum ponto a ser estudado, mas a decisão é sempre do secretário juntamente com o prefeito. Nosso homem-forte chama-se Paulo Pinheiro.




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