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Pediatra completa 50 anos de Medicina e 4 décadas como professor da FMABC

O médico Luiz Alberto da Silva dedicou quase toda a vida profissional à região

Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
18/08/2013 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Luiz Alberto da Silva tinha tudo para não ser médico. Mas se tornou um. O senhor de 75 anos completa em 2013 meio século de Medicina e encerra um ciclo de 40 anos como professor assistente da disciplina de Pediatria na FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), tendo lecionado para todas as turmas no curso iniciado em 1973. 

Doutor Luiz é simples. As poucas rugas do rosto e o pensamento atual não revelam a idade, apesar dos cabelos brancos. De origem humilde, o médico é nascido em São Sepé, cidade no interior do Rio Grande do Sul, hoje com quase 24 mil habitantes. Filho de pai agricultor e mãe dona de casa, é o terceiro de quatro irmãos. “Quando saímos da roça e mudamos para São Gabriel fui alfabetizado por uma professora particular aos 9 anos e depois entrei na escola. Mais tarde, como na cidade não tinha Ensino Médio tivemos que mudar para Santa Maria”, recorda.

Diferente de muitos meninos que já durante a infância sabem qual profissão seguir, ser médico nunca tinha passado pela cabeça do especialista. “Como todo brasileiro, na juventude quis ser jogador de futebol. Não sei bem porque fui fazer Medicina, não tinha nenhum médico na família, e até hoje não tem”.

Na época, ao optar pelo Ensino Científico ao invés do Ensino Regular, já trilhava, mesmo que de forma inconsciente, o caminho para a profissão que levaria pelo resto da vida. Sem saber o porquê, como ele diz, ingressou na Universidade Federal de Santa Maria e formou-se aos 25 anos. Já o interesse pela Pediatria apareceu pelo exemplo que teve na formação. “Sem dúvida alguma, um dos responsáveis pela escolha foi um professor de Pediatria que mesmo com toda precariedade mostrou no dia a dia a importância da especialidade e da conduta ética”, lembra.

Após se inscrever para alguns processos seletivos, escolheu São Paulo para fazer residência e por dois anos trabalhou no Hospital Infantil Darcy Vargas, no Morumbi. Depois voltou para Santa Maria. onde clinicou por três anos. “Não me readaptei ao ritmo parado da cidade e voltei para São Paulo em 1969.”

E foi nessa época que Luiz Alberto da Silva passou a estabelecer a relação com o Grande ABC, quando foi trabalhar na Faisa (Fundação de Assistência à Infância de Santo André). “Atuei em consultas de urgência e emergência. Tentei por três vezes ter consultório, mas por falta de tempo abandonei a ideia. Durante esses anos também trabalhei em São Bernardo, São Caetano e Diadema. Hoje trabalho na Prefeitura de Santo André”.

Acompanhando as mudanças da profissão durante seus 50 anos de experiência, o especialista não deixa de fazer algumas observações sobre a situação atual da Medicina. “Os diagnósticos hoje em dia são feitos basicamente por exames e um dos grandes instrumentos dos médicos são as mãos. É necessário enxergar, ouvir o paciente e apalpá-lo. Nas crianças, 80% dos diagnósticos são feitos por exames clínicos, os complementares servem para confirmar o caso”, opina.

Sobre as declarações da falta de profissionais no País, o professor compartilha da opinão das entidades de classe. “Não falta médicos. O que ocorre é incompetência no gerenciamento da rede. Não é possível clinicar sem uma infraestrutura mínima”, avalia. Ao final da conversa, o médico lembra de todo esforço “Apesar de todos os problemas encontrados, faria Medicina novamente. Não tenho dúvidas de que era isso que eu queria para a vida”.




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