O lado cronista de Plínio Marcos ganha destaque nesta quarta-feira na programação do evento Plínio de Outros Marcos: Prosa, Samba e Futebol, Sesc Santo André. Textos publicados em diversos veículos, como o jornal Última Hora, servem de base para a leitura dramática Dois Times sem Jogo que ocorre nesta quarta, às 20h, seguida de bate-papo com Léo Lama e Kiko Barros, ambos filhos do dramaturgo, e o jornalista Javier Contreras, co-autor do livro A Crônica dos que Não Têm Voz. Quatro atores fazem a leitura das crônicas.

Segundo Kiko Barros, Dois Times sem Jogo é o nome de uma crônica “engraçada” escrita por Plínio Marcos, em que um time de várzea que acaba de ganhar uniforme novo convida outro time para jogar. No entanto, as discussões sobre como seria realizado o jogo e quem seria o juiz tornam impossível a realização da partida.

Como cronista esportivo, Plínio Marcos não se restringia a comentar o que acontece no espaço delimitado pelas quatro linhas do campo. Denunciava a cartolagem e fazia críticas até no âmbito da política, o que o levou a ter textos censurados em diversas ocasiões. O que teria, inclusive, contribuído para a sua demissão, cerca de um ano após trabalhar como colunista na revista Veja, em meados dos anos 1970.

Kiko Barros afirma que, às vezes, seu pai valia-se de contos com personagens fictícios, criados a partir de sua memória, para fazer seus textos. É o caso, por exemplo, da crônica As Chuteiras do Jabaquara.

O Jabaquara foi o primeiro time no qual Plínio Marcos ingressou. Era menino, ainda, e até então só havia jogado nos campinhos próximos à sua casa. Depois, passou a integrar o time juvenil da Portuguesa Santista. E, por amor ao esporte, ainda serviu na Aeronáutica apenas para jogar futebol. “Ele dizia que, por causa disso, tinha vida mansa na Aeronáutica. Era tratado como atleta”, diz Barros.

Como jogador, ele atuava na posição de ponta esquerda, vestindo a camisa 11. “Ele era totalmente esquerda, porque ainda chutava muito bem com a perna esquerda”. O público ainda pode conferir mais sobre o Plínio Marcos amante do futebol na exposição de fotos do dramaturgo que também ocorre no Sesc Santo André.