Economia Titulo Otimismo
Mercado consumidor da região deve crescer 15%

Estudo aponta que demanda reprimida vai impulsionar gastos nas sete cidades neste ano; valor tende a chegar a R$ 85,13 bi

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
16/05/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Depois de um 2020 com retração de 7,2% na comparação com 2019, o mercado consumidor do Grande ABC deve voltar a crescer neste ano. A expectativa é que sejam gastos nas sete cidades R$ 85,13 bilhões em 2021, valor 15,1% maior do que o do ano passado, que ficou em R$ 73,97 bilhões. Com o resultado, a região segue consolidada como o quarto maior polo consumidor do Brasil, atrás apenas das capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Os dados são do estudo IPC Maps 2021 da IPC Marketing e Editora, e foram divulgados com exclusividade para o Diário. Os números mostram que a participação do Grande ABC no consumo nacional ficou em 1,67% (veja mais informações na arte ao lado), o que ilustra recuperação em relação ao ano passado (1,65%). Isso significa que a a cada R$ 100 gastos no País, R$ 1,67 é desembolsado nas sete cidades.

“O 2020 foi ano muito ruim para o consumo, no qual ocorreu perda generalizada. Foi o início da pandemia, com comércio e shoppings fechados. Neste ano, apesar do aumento de casos (de Covid) nos primeiros meses, a flexibilização está acontecendo e o comércio está abrindo. Há uma tendência de recuperação, com consumo reprimido em 2020, que aos poucos vai se recuperando. O consumidor compra aos poucos os objetos de desejo”, explicou o coordenador do IPC Maps 2021, Marcos Pazzini.

Segundo ele, os resultados mostram que a região possui uma economia consolidada, inclusive, nos setores de comércio e serviços, e que, por isso, tende a sair mais fácil das crises. “Apesar da desindustrialização, dos resultados que continuam sendo afetados pela pandemia e até mesmo da parada de algumas montadoras pela falta de peças, o Grande ABC conseguiu projetar crescimento para este ano. Isso mostra a força da região como quarto maior polo consumidor do Brasil”, afirmou Pazzini.

“O aumento do consumo é natural com a liberação de medidas restritivas e, com o avanço da vacinação, as pessoas tendem a sair e consumir. É óbvio que a pandemia, que já chamamos de pandemônio, não acabou, todos os cuidados ainda são necessários, mas é um processo natural começar a voltar o desempenho dos setores que foram muito afetados, como o comércio”, comentou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura.
Segundo o dirigente, a população quer que a vida volte ao normal, o que ainda gera uma demanda reprimida. “Os lojistas estão preparados seguindo os protocolos de saúde e segurança, disponibilizando álcool gel e obrigando o uso da máscara dentro dos estabelecimentos.”

Para o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior, os resultados mostram resiliência do setor no Grande ABC, que amargou fortes perdas nos últimos meses. “Foram vários sobressaltos. Mas vão surgindo novos negócios e os lojistas estão mais adaptados as plataformas digitais, que se transformaram numa ferramenta essencial. Há uma perspectiva de melhora da economia e aposto que a volta da MP (Medida Provisória) que garante os empregos (mediante redução de carga de trabalho e salário) vai ajudar na volta do ciclo do consumo.”

POR ÁREA
Os moradores da região devem gastar a maior parte do montante (R$ 23,84 bilhões do total) com despesas em casa. Em seguida aparecem os gastos com veículo próprio (R$ 9,34 bilhões), o que pode indicar a utilização do recurso para o trabalho em aplicativos de transporte ou entregas. 

Belo Horizonte ameaça posição do Grande ABC no ranking

O quarto lugar no ranking nacional, que fica com o Grande ABC se a região for considerada um só município, é disputado com Belo Horizonte (veja mais informações na arte acima). O dispêndio da Capital mineira de R$ 85,05 bilhões tem uma diferença pequena, de aproximadamente, R$ 80 milhões, em relação às sete cidades somadas.

Em 2019, Belo Horizonte chegou a ficar com a quarta posição. O Grande ABC, no ano passado, recuperou o posto.
De acordo com o coordenador do IPC Maps 2021, Marcos Pazzini, é mais difícil que a região consiga subir no ranking, já que a terceira colocada, Brasília, tem uma grande participação do funcionalismo público, um setor bem consolidado e que não deve mudar nos próximos anos. Mas o Grande ABC precisa ter cuidado, pois pode cair para o quinto lugar.

“Belo Horizonte é uma capital, com aeroporto e um grande centro administrativo”, disse o especialista. “Também há uma diferença de lifestyle (estilo de vida) em relação à população do Grande ABC. A região tem bons shoppings centers e um centro comercial forte, mas muitas pessoas preferem ir para São Paulo comer em um restaurante mais sofisticado e fazer compras em lojas que estão localizadas lá, por exemplo. Belo Horizonte é capital e exerce esse poder de atração das cidades do entorno”, afirmou.

A região é a única colocada no ranking nacional que não é uma capital. Para o especialista, é necessário que o Grande ABC trabalhe mais a parte econômica para continuar bem colocada. “Precisa pensar como uma região única que é, com a atração de investimentos. Mas também é importante que as sete cidades consigam reter talentos. Há universidades importantes com um grande número de profissionais qualificados, que acabam migrando para São Paulo ou mesmo para cidades do Interior. Não pode se perder esse pessoal, porque são empregos qualificados o que indica maior consumo. Eu diria que esse é o calcanhar de Aquiles do Grande ABC”, analisou.




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