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Nove a cada dez mortos por Covid tinham mais de 50 anos

Grande ABC completa hoje 200 dias desde que os primeiros moradores foram infectados pelo novo coronavírus

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
30/09/2020 | 00:01
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O Grande ABC completa hoje 200 dias desde que os três primeiros casos do novo coronavírus – dois em São Bernardo e um em São Caetano – foram diagnosticados pelas prefeituras, em 15 de março. De lá para cá, a Covid se alastrou, primeiro nas regiões centrais, depois nas periferias e, sem respeitar classe social ou cor, matou como nenhuma outra doença havia feito no último século. Na região, quem mais sofre são as pessoas acima dos 50 anos, com 2.272 (90,5%, ou nove a cada dez) dos 2.511 óbitos registrados até ontem pelo governo do Estado – os números totais apresentam advertências em relação aos divulgados pelas prefeituras, que podem ser conferidos abaixo.

Outro dado preocupante diz respeito à letalidade da Covid. Na faixa etária a partir de 90 anos a taxa chega a 39,1%, ou seja, a cada dez pessoas que pegam a doença com essa idade, quatro não resistem. Entre 80 e 89 anos, a taxa também é alta, de 32%. Do outro lado, os mais novos são bem mais resistentes. Até 29 anos, apenas 0,2% não suportaram os efeitos da Covid (veja detalhes nas artes).

Diante do cenário alarmante, o epidemiologista e professor do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Davi Rumel, reforça que em pacientes idosos e pessoas que já têm doenças crônicas a agressividade da doença é maior e os cuidados precisam ser redobrados. Isso acontece porque o sistema imunológico destes pacientes está fragilizado e o organismo tem mais dificuldade em combater o vírus.

“A reação inflamatória à infecção da Covid nessas pessoas não é precisa e facilita a contaminação pelo novo vírus”, avalia Rumel. “Em idosos e pacientes que possuem doenças crônicas a imunidade e a resposta a essa doença demora mais para acontecer e, com isso, a infecção domina o paciente”, detalha.
Entre as comorbidades, a situação é mais complicada para quem tem cardiopatia (doenças relacionadas ao coração), quando a letalidade chega a 44,4%, seguida de portadores de diabete (32,5%).

Apesar de ser mais agressivo com os mais velhos, o novo coronavírus se espalhou em todas as faixas etárias, mas até agora atingiu em maior quantidade pessoas com idades entre 30 e 39 anos, responsáveis por 23,4% dos casos, assim como a faixa etária entre 40 e 49 anos, com 20,6%. As crianças e os idosos, que tiveram mais condições de respeitar a quarentena e o distanciamento físico, são os menos afetados.

Os danos para a saúde dos mais infectados, porém, foi pequeno. Ao mesmo tempo em que representa o maior número de contaminações, a faixa etária dos 30 a 39 anos corresponde a 63 mortes (2,5%). O preocupante, neste caso, é a possibilidade de os mais novos levarem o vírus para dentro de casa, onde estão os idosos. Rumel avalia que “por natureza” as pessoas mais novas querem se socializar, e isso facilita a transmissão entre pessoas dessa faixa etária.

“O cenário é preocupante, porque eles (jovens) gostam de se aproximar, deste contato, o que facilita em 100% a transmissão e a contaminação. Porém, os jovens mesmo não ficam doentes, mas passam com muita facilidade o vírus. O ideal é o distanciamento físico e a higiene pessoal”, avalia o especialista.

Ainda sobre os dados informados pelo governo do Estado, é possível perceber que os homens sofrem mais com a Covid, sendo responsáveis por 57% das mortes, ao mesmo tempo que representam 45% das pessoas infectadas. A letalidade masculina é de 5,1%, enquanto a feminina é de 3,2%.

Em relação à cor das vítimas, os brancos foram os mais afetados até agora, representando 67,6% das mortes e 65,3% dos casos. A letalidade, porém, é bem equilibrada. Os negros têm menos chances de sobreviver à doença, com taxa de 6%.  




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