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Normas de prefeito prejudicam comércio em Aparecida
Por Leda Rosa
Do Diário do Grande ABC
13/05/2007 | 07:19
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Nem o papa foi capaz de alavancar o movimento dos restaurantes de Aparecida ontem. No primeiro dia do final de semana de hospedagem do pontífice na cidade, as expectativas dos comerciantes do setor, que reforçaram suas despensas confiantes em um incremento de pelo menos 50% da clientela, acabaram frustradas.

Alguns apontam as normas restritivas, estabelecidas pela Prefeitura, aos romeiros como responsáveis pelo declínio do público.Com certa desconfiança, o setor aposta que hoje a situação se reverta e o movimento aumente em 200%. Já nos hotéis, pelo menos 80% dos leitos estavam ocupados e a expectativa é que a taxa aumente.

Com os braços cruzados na porta da churrascaria, a gerente Lúcia Augusto, não poupou críticas às orientações do prefeito José Luiz Rodrigues (DEM), o ‘Zé Louquinho’, que estabeleceu medidas para controlar o tráfego de ônibus vindos de outras cidades.

"Este é o nosso cliente e eles ficaram com medo de vir por causa destas leis. A Prefeitura distribuiu panfletos avisando que os ônibus estavam proibidos de permanecer nos estacionamentos próximos ao Santuário. Agora, quem vier, tem de ficar nas cidades vizinhas.”

"Já tivemos estas mesmas restrições na visita do papa João Paulo II, em 1980, mas espero que consigamos recuperar os investimentos no domingo (hoje)”, diz João Abrantes, proprietário de um restaurante. O comerciante disse que reforçou os estoques em 50% para ontem, mas não teve clientela suficiente. O comerciante deposita suas expectativas no movimento de hoje.

"Não dá para apostar, mas acho que vamos ter casa cheia o dia todo, por conta da missa.”

A Prefeitura confirmou que a entrada de ônibus e caminhões pelo km 71 da Via Dutra é proibida. Neste acesso são permitidos apenas carros de passeio e motos. Os ônibus que estacionarão nos espaços destinados pela administração, precisam entrar pelo km 74, para quem vem de São Paulo, ou no km 67, para quem chega do Rio de Janeiro.Procurado pela reportagem, o Executivo não se pronunciou sobre as reclamações dos comerciantes.

PREJUÍZOS - Aparecida tem 211 restaurantes, cujo dois terços estão instalados em hotéis. Na rua, há perto de 55 estabelecimentos, diretamente atingidos pela ausência de romeiros. “O público dos hotéis não é o mesmo das romarias. É um cliente que fica mais tempo e gasta um pouco mais”, diz Ernesto José Elache, do sindicato dos Hotéis e Restaurantes da cidade. O gasto médio de um romeiro em Aparecida fica em torno de R$ 30.

A rede hoteleira do município tem 30 mil leitos distribuídos em 156 hotéis, cuja taxa de ocupação é de 80%. Os preços das diárias variam de R$ 50 a R$ 130. “Temos muitos hotéis lotados e até domingo (hoje) o número deve aumentar”, diz Elache.

COMÉRCIO - Tomara que amanhã (hoje) seja melhor”, disse Ronaldo de Matos, dono de uma loja de roupas femininas próxima à Basílica antiga. Sem nenhum cliente no estabelecimento, ele sonha com a melhora das vendas. “Vendi menos do que na véspera do Dia das Mães. Com todo respeito, o papa não ajudou em nada”, desabafou.

Das 1200 lojas da cidade, um terço concentra-se no shopping, na área da basílica. Lá, durante a manhã de ontem, o movimento era bom. Segundo Ângelo Leite, da ACA (Associação Comercial de Aparecida), o município espera arrecadar R$ 15 milhões com a visita do papa. Para ele, este seria um bom resultado considerando o investimento de R$ 6 milhões em obras de infra-estrutura originados dos cofres municipal, estadual e federal.




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