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Dono da Gib fala três horas e não convence
Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
07/06/2006 | 08:08
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O depoimento prestado terça-feira por Emerson Clayton da Silva, proprietário da Gib Locações, à CPI da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) não convenceu os vereadores da bancada de oposição que integram a comissão. A avaliação foi compartilhada, inclusive, por alguns parlamentares da situação. A empresa venceu a licitação – que está sendo investigada pelo Legislativo – para transporte de merenda.

Desde o início do interrogatório (que durou três horas), Silva, auxiliado a todo o momento pelo advogado Luiz Custódio, mostrou preocupação. Pressionado pela oposição, ele deixou alguns pontos sem esclarecimentos. Não soube informar, por exemplo, porque como proprietário da empresa não tinha o controle do itinerário feito pelos funcionários para a entrega de doações à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Mauá. O referido serviço lhe valeu um atestado técnico que o capacitou a participar do certame de Santo André. “Não temos condições de explicar um a um. Temos o registro, mas apenas das quantidades (de alimentos) que eram entregues”, afirmou Silva.

Outro ponto deixado sem explicação é o fato de a Gib, segundo o próprio Silva, ter sido fundada em novembro de 2004. No entanto, consta do processo de investigação da CPI um contrato em que a empresa prestava serviço para o Grupo Sonae, que administrava os hipermercados Big, desde janeiro de 2004. Portanto, dez meses antes de a Gib ser fundada. “Desconheço. Vou verificar”, ponderou.

Com relação às perguntas respondidas, Silva explicou não ter relação alguma com políticos da região, contradizendo as suspeitas de alguns vereadores. Garantiu, também, que a maior parte dos veículos da frota da Gib é alugada por cerca de R$ 3 mil mensais cada carro. Ele não soube precisar a quantidade, mas citou que a empresa possui cerca de 35 veículos para prestação de serviços.

Quanto à acusação de possível conluio (conspiração) entre a Gib, a Cooperauto (Cooperativa de Locações de Veículos de Motoristas Autônomos) e a Escuna Locadora de Veículos, Silva negou envolvimento na questão. Na representação enviada ao Ministério Público e confirmada no depoimento prestado à CPI da Craisa, o empresário e denunciante do caso, José Caboclo Neto, derrotado na licitação, aponta ligação entre as três empresas. Silva, que já foi cooperado da Cooperauto e diz não ter mais qualquer vínculo com a cooperativa, reconhece que a Gib funcionava no mesmo prédio que a Cooperauto. Inclusive, o número de telefone pertencente à Cooperauto era usado pela Gib à época.

O vereador Aidan Ravin (PPS) declarou que o depoimento de Silva foi o mais contraditório até o momento. “É, no mínimo, estranho um proprietário não saber informações básicas de sua empresa”, reclamou. “Aparentemente, ele se assustou com as perguntas”, referindo-se às questões não respondidas. O parlamentar comentou também ter “estranhado a generosidade da Gib”. “No contrato com a Sonae, ele baixou o valor de tudo que precisava fazer a cobrança. Em janeiro deste ano, comprou um veículo da Escuna por R$ 21 mil a mais do que valia segundo a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que divulga a cotação do valor de mercado dos veículos) na época”, rebate.

A base de sustentação, por outro lado, fez a sua parte e tentou amenizar o impacto negativo deixado pelas declarações de Silva. Tanto a presidente da CPI, Heleni de Paiva (PT), quanto o relator José Ricardo (PSB), acham por bem esperar antes de tirar conclusões. “Uma possível contradição só será consignada após a avaliação dos documentos que ele enviará para a comissão”, argumentou Heleni. Já para o socialista, alguns pontos “obscuros” devem ser esclarecidos com o depoimento de Maurício Trevisan, que assinou o atestado da Apae capacitando a Gib a participar do certame. 




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