Economia Titulo Em 12 meses
Construção civil fecha 3.789 empregos

Em março, 296 operários foram demitidos na região; São Caetano foi a cidade que mais sofreu

Por Flavia Kurotori
Especial para o Diário
20/05/2017 | 07:22
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A construção civil registrou, em março, saldo negativo (demissões maiores que contratações) de 296 empregos formais na região. Além de acelerar o ritmo de demissões, já que em fevereiro houve 127 cortes no setor, no acumulado de 12 meses foram extintos 3.789 postos de trabalho.

Atuam na construção civil local com carteira assinada 40.387 operários – o chamado estoque. Os dados foram levantados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas), com base nos dados do MTE (Ministério do Trabalho e do Emprego).

São Caetano foi a cidade que mais sofreu no terceiro mês de 2017, ao encerrar 174 vagas (-1,43%). Segundo a diretora regional do SindusCon-SP, Rosana Carnevalli, o município sofre com a soma de dois fatores, a crise econômica e a lei que restringe a verticalização. “Quando essa lei começou (em 2010), a construção civil estava indo de ‘vento em popa’, mas a legislação acabou engessando o setor até hoje.”

O presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil) de São Caetano, José Maria de Albuquerque, avalia que a ‘turbulência’ política vem afetando em cheio o desempenho da economia e que o resultado, além das dispensas, é o crescimento do emprego sem carteira assinada no setor. “Por conta do desemprego, os pais de família aceitam qualquer coisa, como trabalhar 12 horas por dia, com salários baixos, a serem recebidos apenas ao fim da obra, que geralmente dura dois meses. É quase um trabalho escravo”, afirma. O sindicalista conta que realizou boletim de ocorrência contra os empregadores de obra na cidade devido a essa conduta abusiva.

Na contramão, Mauá registrou saldo positivo de 40 postos (0,95%), sendo o município que possui melhor cenário nas sete cidades. “Ainda há investimento por parte da Caixa Econômica Federal com o programa Minha Casa, Minha Vida, fazendo com que, mesmo que timidamente, o segmento gere emprego no município”, explica Rosana. Devido à forte presença da classe C, a procura por esse tipo de iniciativa é presente mesmo em meio à crise.

Por se tratar de setor volátil, a diretora do SindusCon-SP assinala que “a construção é o primeiro a sentir uma crise e o último a se recuperar, pois, quando a turbulência começa a dar uma trégua, ainda leva entre dois e três meses para impactá-lo.”

MERCADO INCERTO - Rosana atesta que, no início de 2017, a construção civil estava projetando melhora para o fim do segundo semestre. Entretanto, com as notícias políticas sobre a delação contra o presidente Michel Temer (PMDB), o cenário voltou a ficar incerto. “Investidores em potencial perderão a confiança no País.”

Ela também comenta que a população da região possui grande interesse em adquirir a casa própria, mas com as incertezas econômicas, prefere adiar a compra. “A falta de empregos no setor é consequência de um ciclo, pois o Grande ABC possui muitas indústrias que, por sua vez, estão demitindo. Com o desemprego e a falta de confiança no mercado, as pessoas evitam financiar imóveis com medo do futuro”, lamenta Rosana. 




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