Política Titulo Diadema
Empresária recebe Bolsa Família

Mulher de proprietário de construtora deixou
sociedade em firma e passou a ser beneficiária

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
04/03/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Mulher do dono da construtora Mendonça e Silva Construção e Reforma, contratada pela Prefeitura de Diadema para reformar escolas municipais, é beneficiária, desde 2015, do Bolsa Família. A firma, que tem como endereço oficial fundos de um conjunto de casas na periferia da cidade, recebeu R$ 961,4 mil da gestão verde.

Amélia Mendonça França da Silva, casada com o proprietário da empresa, Orisvaldo José da Silva, virou titular do programa social em 2015. Até o ano anterior, ela era sócia do marido na construtora. Segundo dados da Junta Comercial, Amélia tinha metade da participação na empresa, equivalente a R$ 40 mil. Em setembro de 2014, ela deixou Silva sozinho na firma e o capital da empresa saltou para R$ 250 mil.

Naquela época, a Mendonça e Silva já havia recebido cerca de R$ 400 mil do governo do prefeito Lauro Michels (PV) – referentes a contratos para melhorias em Emebs (Escolas de Educação Básica) de Diadema. As intervenções consistiam em troca de telhados e pequenos reparos.

Amélia deixou a parceria com o marido na Mendonça e Silva, mas continua sendo a única proprietária da AMF Construções e Reformas, cuja sede também remete a uma casa comum ao lado do cortiço onde a firma do marido está inscrita, no número 109 da Rua Ana Miranda, no Jardim Inamar – a Mendonça e Silva fica no número 97.

Na fachada, nada remete a uma construtora. Uma placa no portão indica a locação de dois cômodos. O capital da empresa de Amélia é de R$ 300 mil.

De 2015 até o janeiro deste ano, Amélia recebeu R$ 2.464 em mensalidades do Bolsa Família, de acordo com números do Portal da Transparência do governo federal – começou a receber R$ 147 por mês e, depois, R$ 163. O benefício varia de R$ 89 a R$ 372, de acordo com a renda familiar e é destinado a famílias pobres, cuja renda mensal é de R$ 85 a R$ 170 por pessoa, e em situação de extrema pobreza, com rendimento de R$ 85 per capita.

Ao Diário, Orisvaldo admitiu que o casal recebe ajuda de custo do governo de forma irregular. Ele justificou que, quando a mulher se inscreveu no programa, a família passava por problemas financeiros. Mas entre 2014 e 2015 foi justamente o período de maior volume financeiro para a Mendonça e Silva. Entre os dois anos, a firma recebeu R$ 800 mil da Prefeitura.

“Quando ela fez esse cadastro, a gente não tinha serviço ainda. Não lembro bem a data em que ela se inscreveu (no Bolsa Família). Mas já falei para ela atualizar e tirar o nome fora”, comentou Orisvaldo, ao emendar que a firma da mulher, embora aberta, não presta serviços.

O controle sobre os beneficiários do Bolsa Família é feito pelo governo federal, mas a Prefeitura é a responsável por fazer a triagem dos inscritos. Questionado sobre o caso, o governo Lauro novamente não se manifestou.

Na quarta-feira, o Diário revelou que a Mendonça e Silva foi contratada diversas vezes pelo Paço, por meio de carta-convite, para fazer reformas nas escolas. Secretário à época, o hoje presidente da Câmara, Marcos Michels (PV), nega irregularidades. A oposição, por outro lado, prepara CPI para apurar o caso. 




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