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Laudo sobre queda de prédio só sai em junho

Polícia terá ajuda da Prefeitura para retirar manta que pode ter ocasionado tragédia

Por Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
07/03/2012 | 07:00
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Exato um mês após o desabamento de parte da laje do terraço do Edifício Senador, no Centro de São Bernardo, a Polícia Civil acredita que terá em mãos o laudo e concluirá o inquérito sobre a tragédia apenas em junho.

Segundo o delegado Victor Lutti, titular do 1º DP da cidade, que investiga o caso, falta até mesmo retirar parte da manta asfáltica feita no último andar para conter as infiltrações. Para isso, a polícia espera ter a ajuda da empresa Falcão Bauer, contratada pela Prefeitura para fazer análise própria das causas do desabamento.
Lutti, entretanto, diz que somente os laudos do IC (Instituto de Criminalística) e IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) constarão no inquérito. "Esse último pedaço da laje ainda está preso por ferros e precisa de maquinário especial para ser retirado. Vamos usar um procedimento mais adequado para não trazer riscos a nenhuma vida", afirmou.

Apenas cerca de 25 das 73 testemunhas intimadas prestaram depoimento até agora. O inquérito, ainda em fase preliminar de elaboração, já conta com mais de 360 páginas. "Estamos fazendo tudo o que é possível ser feito."

Mas ainda falta muito mais, segundo o próprio delegado. Todas as atenções estão voltadas para a manta construída no terraço, que pode ter causado o desabamento por conta do peso ou corrompido a estrutura pela expansão do piche utilizado. Lutti investiga em que circunstâncias a empresa, fundada pouco antes de fazer a obra, foi contratada pelo conselho do prédio para a realização do serviço, há cerca de um ano.

A zeladoria, no terraço, sentia os efeitos da umidade mesmo após a obra. Bombeiros e Defesa Civil constataram que o local apresentava sinais de mofo, além de rachaduras. Lutti aponta que em alguns depoimentos foi revelado que houve algumas reclamações sobre o problema das infiltrações.

Quem perde serão os donos de estabelecimentos no local e parentes de vítimas da tragédia. Sem esclarecimentos, o prédio permanecerá fechado por tempo indeterminado. É consenso entre polícia e Prefeitura que só haja a liberação quando um laudo atestando que não há mais riscos for emitido. Considerando que até a calçada da Avenida Índico no local está bloqueada para trânsito, o jeito é esperar.

"Todas as minhas instalações fixas ainda estão lá e não me deixaram entrar para retirá-las", disse Jorge Deidami, 50 anos, proprietário de uma lanchonete no térreo do edifício.

Sócio de comerciante ainda não se recuperou

O prejuízo que o fechamento da Lanchonete Nova Rainha, localizada no térreo do Edifício Senador, causou ainda não foi e dificilmente será estimado pelo proprietário Jorge Deidami, 50 anos. Sorte que ele tem outro estabelecimento do tipo, no bairro Nova Petropólis. Pior para seu sócio, que passa por dificuldades financeiras. "Ele mora de aluguel e o plano era comprar uma casa própria com aquele comércio."

Deidami tinha o ponto de 700 metros quadrados havia cerca de um ano e meio. Diz que o investimento foi alto. E o seguro mal deu para cobrir parte dos prejuízos. Naquela segunda-feira em que parte do teto de sua lanchonete caiu, ele estava próximo. Viu alimentos estragarem e conseguiu retirar apenas bens que podia carregar. A estrutura fixa continua ali, à espera de solução.

Até agora não conseguiu outro ponto no Centro para locação. Por conta disso, precisou dispensar os 18 funcionários que mantinha. Conversando com amigos, os recolocou em outros estabelecimentos. Três seguem desempregados.

Apesar do susto, garante que voltará ao prédio tão logo ele seja liberado. "A partir de agora as inspeções serão mais rigorosas." Não que isso seja alento. Para quem começou de baixo, para levantar outro ponto, ele sabe que terá de ter paciência. "Do jeito que está indo, acredito que isso se arrastará por um bom tempo ainda. Mas quero uma resposta."




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