Economia Titulo Consumo
Mulheres vão gerar R$ 717 bi em 2012

Massa salarial neste público cresceu acima da média dos homens; 67% em dez anos

Vinicius Gorczeski
Do Diário do Grande ABC
06/03/2012 | 07:00
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As mulheres ganham status no mercado de trabalho, passam a liderar companhias e sua renda cresce. Tanto a ponto de o salário entre o público feminino ter subido quase 67% em dez anos, contra 40% dos homens no mesmo período. Os ganhos anuais delas saltaram de R$ 430,5 bilhões registrados em 2002 e devem bater a cifra dos R$ 717,1 bilhões até dezembro, prevê pesquisa do Instituto Data Popular, divulgada ontem.

O cenário ganha mais força quando a mira se volta ao perfil da classe C. Isso porque a faixa representa 56,7% das 98,6 milhões de pessoas do sexo feminino que vivem hoje no Brasil. As consideradas "emergentes" pela pesquisa ainda são maioria na comparação com as mais endinheiradas. As classes D e E representam 32,2% delas, enquanto que na ponta da pirâmide social despontam 11,1% de mulheres.

Apesar de a expectativa de renda e poder de consumo dos homens superar a casa dos trilhões de reais em 2012 - eram R$ 798,5 bilhões em 2002 -, hoje a disparidade do poder de consumo entre sexos é menor. Traduzido pela massa de rendimentos, que é salário médio multiplicado pelo número de trabalhadores formalizados, homens ainda têm, para efeito de capacidade de consumo, massa 53% maior do que as mulheres. Em 2002, a diferença batia 85,4%.

O diretor da consultoria Mixxer e especialista em bens de consumo e varejo, Eugênio Foganholo, destaca a ascensão das mulheres. Frisa que embora tenham massa de rendimentos inferior, é preciso levar em conta que hoje elas abocanham a maior parte dessa geração de dinheiro masculina, de R$ 1,1 trilhão.

"Há todo o desequilíbrio histórico entre salários, mas o fundamental é saber que há diferença entre gerar renda e gastar", afirma Foganholo. "E gasto, na sua maioria, é de responsabilidade ou decisão de mulheres."

O sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles, assinala que elas têm aberto caminhos no mercado de trabalho, de onde fincaram pé e se consolidaram.

A partir da maior participação entre os formalizados, as mulheres também conquistaram cargos de chefia. Sobre o avanço da classe média frente às demais, Meirelles destaca que o cenário econômico recente, de mais renda, possibilitou a migração das camadas mais pobres à faixa de consumo.

Para elevar ainda mais a participação do público feminino no consumo nacional, Foganholo defende que é preciso dar continuidade nas ações do comércio voltadas especificamente às novas consumidoras. "Sempre há o que melhorar nessa comunicação, que precisa estar mais alinhada ao perfil." Hoje, por exemplo, os olhos do mercado publicitário já notaram a capacidade de compra ascendente das mulheres.

 

Formalização no sexo feminino sobe 75% na década

O número de mulheres no mercado de trabalho também avançou acima da média masculina. Em 2002, segundo o Data Popular, havia 11,4 milhões de pessoas do sexo feminino com carteira assinada. Esse número evoluiu para 19,9 milhões, o que significa que foi impulsionado em 74,6% em dez anos.

Já entre homens, a expansão partiu de 17,3 milhões para 27,6 milhões de empregos formais na década. O aumento representa elevação de 59,5% nesse período.

Com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o instituto apurou que até dezembro as mulheres devem ocupar 41,8% do mercado de trabalho no País, enquanto que os homens vão ter 58,2% das vagas formalizadas no ano.

 

EXPECTATIVAS -O público feminino está otimista. Entrevistas feitas pelo instituto com 1.019 mulheres mostraram que 83,3% projetam que o ano será melhor financeiramente. É o mesmo percentual que elas também projetaram em relação ao que esperam de avanço na vida profissional. Resultados só não foram maiores do que o otimismo esperado para a vida geral e familiar, com 87,3% e 83,3%, respectivamente.

 

SALÁRIO -O Senado aprovou ontem o Projeto de Lei 130/11, que multa as empresas que pagarem às mulheres salários inferiores aos dos homens quando ambos ocuparem as mesmas funções. A multa é de cinco vezes a diferença salarial verificada em todo o período da contratação e obriga as companhias a pagarem às mulheres salários equivalentes aos dos homens como forma de acabar com a discriminação entre os sexos. VG




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