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Globo aposta em novata na nova novela das seis
Por André Bernardo
Da TV Press
08/05/2004 | 18:58
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  Para o dicionário Aurélio, cabocla é pura e simplesmente o mestiço do branco com o índio. Mas, para o diretor Ricardo Waddington, responsável pelo remake da novela Cabocla, de Benedito Ruy Barbosa, é mais do que isso: é sedução, inocência, brejeirice. Foi justamente em busca desses e de outros atributos que ele escalou a estreante Vanessa Giácomo para interpretar a personagem-título da próxima novela das seis da Globo, que estréia na segunda-feira.

“A Vanessa não vai simplesmente interpretar a Cabocla. Ela é a própria Cabocla”, acredita o diretor. A responsabilidade de protagonizar a novela não tira o sono dessa morena de Volta Redonda, no Estado do Rio. A calma da novata chega a ser inquietante para quem nunca trabalhou numa produção do gênero. “Se eu disser que não estou com medo, você acredita? Os diretores me passaram segurança. Estou confiante no meu trabalho”, diz.

Mas não é só Vanessa que pode ser considerada estreante em Cabocla. O próprio Ricardo Waddington, em 20 anos de Globo, nunca dirigiu uma produção de época. Parceiro fiel de Manoel Carlos, sempre trabalhou em tramas urbanas, contemporâneas, como Laços de Família e Mulheres Apaixonadas.

Mais do que isso, Waddington está preocupado mesmo em manter a excelente audiência herdada por Chocolate com Pimenta, de Walcyr Carrasco, que teve média de 38 pontos e picos de 43. “O que aconteceu com a novela do Walcyr é uma exceção da regra. Não se trata de um capítulo que deu 38, mas de uma novela que deu 38! Mas também estamos na briga. Temos novela para isso”, afirma.

Por via das dúvidas, Waddington procurou se cercar de alguns dos atores que ajudaram a fazer de Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos, o sucesso que foi. Lá estão Tony Ramos, Regiane Alves, Vera Holtz, Carolina Kasting.

Muitos deles, inclusive, nunca haviam trabalhado com Benedito. É o caso de Tony Ramos, o Coronel Boanerges de Cabocla. “Já conheço o Benedito há 40 anos. E, há 40 anos, a gente vem se namorando. Infelizmente, esse namoro nunca dava certo”, brinca o ator.

Ao contrário de Tony Ramos, Patrícia Pillar já é uma velha conhecida do autor. Quase um talismã. O remake de Cabocla é a quinta parceria dos dois. Antes, fizeram Vida Nova, Sinhá Moça, Renascer e O Rei do Gado. “Já conheço bem o universo do Benedito e tenho profunda afeição por ele. É bom fazer novela quando o autor tem o que dizer”, elogia a atriz.

É na fazenda de Boanerges e Emerenciana, aliás, que acontece o romance entre a caboclinha tímida do interior de Minas e o advogado tísico do Rio. Para interpretar o moço da cidade grande que vira a cabeça da protagonista, Waddington optou também por uma de suas descobertas: Daniel de Oliveira. Foi por meio dele que Oliveira estreou na Globo em 2000, quando interpretou o Marquinho de Malhação, já sob responsabilidade do núcleo do diretor. “Até outubro, a ralação vai ser total. Mas não posso dar mole. Se o protagonista for mal, a novela toda fica capenga”, acredita o ator.

Mas nem só de belas histórias de amor se faz uma novela de Benedito Ruy Barbosa. Como não poderia deixar de ser, Cabocla faz menção também à disputa de terra entre os coronéis Boanerges e Justino, interpretados por Tony Ramos e Mauro Mendonça. “Só tem direito à terra aquele que a faz produzir, para si e para seus semelhantes. É isso que vamos defender”, avisa Edmara Barbosa, que adapta, 25 anos depois, o texto original do pai em parceria com a irmã Edilene.

Benedito Ruy Barbosa ainda discutiria a questão da terra em novelas como Paraíso e Renascer. Na época de O Rei do Gado, por exemplo, chegou a receber ameaças de morte de alguns latifundiários, indignados com a abordagem do tema da reforma agrária na novela. “Se eu não tomar cuidado com o que digo, posso colocar fogo no sertão. Mas toda novela que se preza tem de ter algo que valha a pena discutir”, acredita.




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