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Que tal dar uma Voltinha?
Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
10/08/2011 | 07:00
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Há cerca de 100 anos os carros começaram a invadir as ruas e, na proporção em que a demanda aumenta, as tecnologias também se renovam.

Primeiramente os automóveis eram movidos a manivela. Anos mais tarde, foi a vez do motor a combustão interna e, hoje, estamos na era das energias limpas. É isso aí, estamos falando da onda dos motores elétricos.

Mas, infelizmente, tudo o que é novidade gera desconfiança. E, aqui, a pergunta é: "E se a minha bateria acabar no meio do caminho?"

Pensando nisso, a Chevrolet tratou de pensar no Chevy Volt, que em 2007 surgiu com a proposta da autonomia estendida - quando a carga elétrica se esgota, o motor a gasolina assume o papel de carregar a bateria.

Foram 29 meses entre o projeto, o desenvolvimento e a construção. Hoje, o veículo está à venda nos Estados Unidos por US$ 41 mil - sem contar com os incentivos dados por alguns Estados, o que pode baixar o valor em US$ 7.500.

Mesmo assim, é um pouco salgado. Há ainda quem prefira o ronco do vêoitão (motor V8) oferecido pelo Camaro.

 

ELÉTRICO OU HÍBRIDO?

Deixando de lado as questões financeiras, aqui há uma polêmica. Afinal, o Volt é elétrico ou híbrido?

Segundo a montadora, o veículo é elétrico, pois o motor 1.4 de 84 cv não atua diretamente na tração do carro e tem a função, apenas, de acionar o gerador elétrico para recarregar a bateria de íon de lítio - que pesa 200 quilos e é localizada no túnel central do Volt, garantindo autonomia de quase 60 quilômetros.

Para isso, deve-se carregá-las por quatro horas em tomadas de 220 volts, ou nove horas se o carregamento for feito em tomadas de 110 volts.

Um parênteses: o motor a gasolina tem 480 quilômetros de autonomia, ou seja, total de 560 quilômetros, levando em conta os dois modos.

 

O TESTE

Andamos 150 quilômetros com o Volt pelas ruas da Capital e da cidade de Cotia. Os primeiros 55 quilômetros foram de puro silêncio. Até então, o carro estava funcionando apenas com o motor elétrico - cuja potência é de 111 kW (equivalente a 150 cv).

Ao contrário do que se pensa, o veículo é bem esperto. Com o torque de 37 mkgf disponível o tempo todo (característica dos motores elétricos), basta pisar no acelerador para receber aquele soco e curtir a viagem. Nas curvas, o modelo garante estabilidade.

O câmbio CVT simula trocas de marcha, mesmo assim, o único som que ouvimos é o do atrito entre o pneu e o solo.

Mesmo com o motor a combustão, precisamos baixar o tom da conversa para escutar o ruído do bloco.

Em relação a qualquer sedã de luxo, no Volt a única diferença notável (além do silêncio) é a ação do freio (regenerativo) que é meio lento - precisamos pisar fundo para obter resposta rápida.

Por dentro, o espaço para quatro passageiros é generoso. E mesmo nas (esburacadas) ruas brasileiras, o Volt se mostrou cordial, e entrega boa dose de conforto.

Bem acabado e bastante funcional, o destaque vai para as duas telas de LCD com sete polegadas - uma, o painel de instrumentos, e a outra vai no console central, com visor touch screen.

Quando olhamos para o lado de fora, somos bombardeados por flashes e olhares curiosos. "É uma Ferrari?", perguntou um menino num semáforo no centro da Capital.

Toda essa euforia, deve-se ao design bem resolvido, destacado pela grade fechada, aerofólio traseiro e, principalmente, pelas rodas de 17 polegadas.

 

Volt é mais uma das ações sustentáveis

 

Para comemorar seus 100 anos, a Chevrolet criou o VoltXpedition. O intuito é demonstrar as novas tecnologias em mobilidade com foco no desenvolvimento sustentável. Para encarar o personagem principal dessa história, ninguém melhor que o Volt.

Mas, como o carro não será vendido no Brasil, devido, em muito, ao alto preço (aqui, custaria cerca de R$ 200 mil), a marca procura outras iniciativas para causar boa imagem por aqui.

E para contar pontos no currículo, nada melhor do que se preocupar com a vida das pessoas. Exemplo disso é a redução da necessidade de utilizar os recursos naturais de São Caetano, onde está cravada há mais de 80 anos.

Dentre as ações, destaque para a reciclagem de 97% dos resíduos industriais gerados nos processos produtivos e para o tratamento de efluentes. Hoje, a montadora sai na frente como a única empresa do município que trata a água da chuva e a reutiliza (nas descargas e lavagens dos pisos, por exemplo), reduzindo o consumo.

Por falar em água, 40% do volume total consumido é reutilizado dentro do complexo industrial. Os 60% restantes retornam ao sistema hidrográfico da cidade em condições monitoradas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). "E a ideia é reaproveitar cada vez mais", salienta Cláudio Eboli, diretor de projetos e instalações da GM América do Sul.

Segundo Eboli, a coleta seletiva - através da implantação dos chamados ecopontos - é outra ação importante para o município. "Com isso, tivemos aumento de 19% na quantidade de resíduos reciclados, mais de 128 toneladas que deixaram de ser enviadas aos aterros sanitários."

Sem contar que a empresa encaminha os resíduos dos restaurantes para o processo de compostagem orgânica. "Aqui, 100% dos resíduos das 11 mil refeições diárias são transformados em adubo natural", enfatiza Eboli.

E, para não contaminar o meio ambiente, o óleo também é reaproveitado - encaminhado para a produção de sabão.

Mas a grande aposta da montadora é a recente parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) na desconstrução de 40 mil metros quadrados de prédios. Para desmontagem ecologicamente correta, materiais como detritos das paredes, ferro e plásticos serão totalmente reaproveitados e reciclados. Para se ter uma ideia, os 1.000 m³ de treliças de peroba-rosa serão certificados pelo IPT como madeira de reuso para que seja recolocada no mercado.

Sem o processo, cerca de 1.500 caminhões lotados de resíduos seriam destinados para aterros sanitários, sem contar os 1.000 caminhões de terra que seriam necessários para nivelamento do local, onde será construído outro edifício (que abrigará o estoque de peças e setores de submontagem de componentes). "Assim, o município se beneficia com menos emissões de CO²", finaliza o executivo.

 

Tecnologia em prol da mobilidade vem de longa data

 

A engenharia da Chevrolet não descansa quando o assunto é desbravar tecnologias alternativas para a mobilidade.

Batizado de Voltec, o sistema que consagrou o Volt como o primeiro carro elétrico com autonomia estendida produzido em larga escala no mundo não está sozinho.

Acreditando na extinção dos motores a combustão num futuro não muito distante, a marca aposta em energias renováveis.

Desde 2007, 100 veículos rodam pelos Estados Unidos com motor Fuel Cell, onde membranas filtram o combustível e os elétrons são jogados no motor elétrico, fazendo o carro se mover. "Não podemos apostar tudo nos carros elétricos, pois a demanda da produção de energia não daria conta de carregar toda a frota de um país, precisamos buscar outras soluções", defende Guenther Krieger, professor de engenharia da Poli/USP.

Para Plínio Cabral Júnior, diretor de engenharia elétrica da GM, tecnologias como recirculação dos gases de exaustão e motores movidos a hidrogênio são amigos do meio ambiente. "O problema é produzir hidrogênio." Por isso ele defende a tecnologia do Volt. "Temos o produto pronto, mas quem pagaria este preço no Brasil?", diz.

Por outro lado, ele conta que alimentar as baterias do Volt custa 75% menos que visitar os postos de abastecimento. "O carro consome menos que um micro-ondas ligado o dia inteiro", enfatiza.

Vale recordar que o primeiro modelo com emissão zero foi o Allison Hybrid Bus (em 2002). Hoje, a aposta é o Personal Urban Motority and Acessibility (PUMA) Vehicle. Tratam-se de pequenos veículos que acomodam duas pessoas, praticamente, uma evolução do Segway (aqueles veículos que os seguranças usam em shoppings e parques). A diferença é que a mesma estrutura pode receber diferentes tipos de carroceria.




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