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Morador de Mauá sofre para ter água
Por Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
10/02/2012 | 07:02
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As 320 mil pessoas de Mauá que estão sem água desde a madrugada de quarta-feira sofreram ontem para conseguir suprir as necessidades básicas, como tomar banho, lavar louças e roupas. Durante todo o dia, os moradores buscaram água em poços e bicas. Mulheres, idosos e crianças tiveram de equilibrar baldes na cabeça e subir morros. O forte calor deixou a tarefa ainda mais difícil.

De acordo com a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), o desabastecimento foi ocasionado pelo rompimento de adutora no bairro Capiburgo. O incidente ocorreu em tubulação de aproximadamente 60 centímetros de diâmetro, que abastece os reservatórios Zaíra e Magini. Uma das hipóteses levantadas pelos técnicos que vistoriaram o local do rompimento - que fica em área de difícil acesso - é que naquela tubulação existem três bombas da Sabesp. No período noturno, a companhia desliga duas delas para economizar energia. Na madrugada, elas são religadas. Nesse caso, a pressão de ar dentro da tubulação pode ter sido forte demais e causado o dano.

Em nota, a Sabesp descarta essa possibilidade: "A Sabesp informa que não houve ocorrência alguma ou evento classificado como anormal nas operações para o abastecimento ao município de Mauá e, portanto, não relaciona sua operação ao rompimento da adutora de responsabilidade da Sama." As causas somente serão apontadas após elaboração de laudo técnico.

Devido às fortes chuvas que atingiram a cidade ontem, o prazo inicial de que o abastecimento seria regularizado hoje não será cumprido. Até o fechamento desta edição, a Sama ainda não havia informado quando a adutora será de fato consertada e quando o serviço seria restaurado.

Luta pela água

No Jardim Zaíra, um dos mais afetados, um poço na Viela 25 era extremamente disputado pelos moradores. Antes das 11h a autônoma Elisângela Severiano de Carvalho, 32 anos, já havia feito seis viagens até o reservatório. "Pego a água para lavar louça e usar no banheiro. Não tem mais nenhuma gota na minha caixa-d'água", relata. A dona de casa Eliane Maria da Silva, 34, que divide a casa com o marido e cinco filhos pequenos, estava indignada com a falta de água. "Pagamos tão caro e não temos o retorno esperado", reclama.

No bairro Nova Mauá, a saída dos moradores foi fazer fila em uma bica. A espera para encher um balde de água era de até uma hora. Durante a tarde, mais de 20 pessoas esperavam sua vez debaixo do sol forte. "Estou sem um pingo de água em casa há dois dias. Uso para o banheiro e lavar a louça, mas não tenho coragem de beber por medo de essa água estar contaminada", diz a doméstica Valdelice Souza Lima, 48. Na Vila Magini, os moradores não tiveram a sorte de contar com um poço ou uma bica. "A louça e a roupa estão acumuladas. A Prefeitura deveria mandar um caminha-pipa para nós", revolta-se a diarista Eliana Gomes, 41.

No comércio, há quem tenha prejuízo e lucro. Para a comerciante Cícera Tavares da Silva, 30, caso a água não volte, a solução é fechar o bar no Jardim Zaíra. Já para o proprietário da distribuidora Água Marek, sediada em Santo André e que atende todo o Grande ABC, foram registrados vários pedidos por caminhões-pipa em Mauá.

Consumidor pode recorrer à Justiça

A Fundação Procon pretende notificar a Sama para prestar esclarecimentos sobre as causas do rompimento e as providências adotadas, o retorno do serviço à população e como os consumidores serão ressarcidos por eventuais prejuízos e danos.

O órgão de defesa reitera que os moradores que se sentirem prejudicados ou tiveram danos devido à falha no abastecimento podem recorrer à fundação ou à Justiça.

A Sama apenas disponibilizou caminhões-pipa para unidades básicas de Saúde, hospitais e creches públicas. Foram cinco veículos, com capacidade para transportar 8.000 litros, pertencentes a uma empresa contratada, para tentar suprir as caixas-d'água vazias dos equipamentos municipais.

De acordo com a autarquia, não havia possibilidade de estender o benefício para toda a população que ficou sem abastecimento.

Durante o dia, a equipe do Diário acompanhou o reabastecimento via caminhão-pipa na Escola Municipal Nathércia Ferreira Perrella, no Jardim Zaíra, e na UBS Paranavaí. Na escola, apenas a creche funcionava normalmente. Os alunos do Ensino Fundamental foram dispensados. Já na UBS, o movimento era normal, mesmo com a falta de água registrada no início da tarde.

Segundo a Prefeitura de Mauá, as aulas na rede municipal, a princípio, não serão suspensas. No entanto, não é descartada a possibilidade de que haja interrupção das aulas em escolas localizadas nos bairros mais atingidos pela seca.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informa que a Diretoria Regional de Ensino de Mauá encaminhará caminhões-pipa para abastecer as unidades da cidade. Não houve registro de suspensão de aulas nas escolas estaduais locais. As equipes gestoras das unidades receberam a orientação de racionalizar o uso da água.




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