Entre as opções de trabalho temporário no fim do ano está a de Papai-Noel. Atualmente, eles são aposentados, têm barba própria e gostam muito do que fazem. Não é para menos. A atuação por seis horas diárias como Papai-Noel em um grande shopping, durante 40 dias, rende de R$ 3.000 a R$ 10 mil, segundo agências ouvidas pelo Diário e os próprios papais-noéis.
O valor pode subir consideravelmente se o profissional encarar as festas de fim de ano em empresas e as entregas de presentes em casas particulares na noite de Natal. Entre os noéis consultados, o ganho com a ida a residência varia de R$ 150 a R$ 500, cada, e as festas de empresas podem chegar a R$ 1.200.
Normalmente, o profissional do Natal muda totalmente sua rotina para encarnar o Bom Velhinho. É o caso de Djalma Mazzini, 59 anos, que atualmente troca o volante do carro pelas rédeas do trenó. Há seis anos, ele trabalha como motorista em uma agência de eventos. Com a chegada do Natal, vira um dos papais-noéis da empresa.
Ele começou como Papai-Noel a convite de um amigo, em 2000, numa escola particular de São Bernardo. "Sempre usei barba curta. Quando era supervisor de vendas de material de construção, até o chefe me autorizou a manter a barba grande e branca", lembrou Mazzini, que ganhou cerca de R$ 9.000 no ano passado.
Neste ano, ele pretende repetir a façanha do dia 24 de 2008, quando saiu às 18h de casa, depois de já ter passado seis horas no Mauá Plaza Shopping, onde é Papai-Noel desde 2005. Naquele ano, só retornou para casa às 2h do dia 25.
Mazzini prefere não detalhar quanto ganhará por cada trabalho neste ano. Revela apenas que pretende acumular o mesmo valor do ano anterior, pelo menos.
Com 12 anos de experiência, o ex-cabeleireiro Abílio Fernandes, 74, diz que possui aproximadamente 60 fichas de clientes em casa e que normalmente não trabalha com agências. "Não fiz shopping ano passado. Neste ano estou precisando de mais trabalho e já tenho dois convites de agências", comemorou o aposentado, que faturou R$ 10 mil em 2008.
Papai-Noel tem opções de atuação
Além dos empregos nos shoppings, há vagas para os papais-noéis atuarem em festas de fim de ano, escolas infantis, empresas e grandes redes de supermercados. "Antes, os mercados aceitavam que a barba fosse postiça. Agora, também estão exigindo natural", contou Cláudia Branco, diretora da Lumi Eventos.
"Não tinha barba quando comecei, no primeiro ano. Naquele tempo não era comum", lembrou o experiente Abílio Fernandes. Morador de Santo André, ele revelou que, como Papai-Noel, é nas festas de fim de ano onde se ganha melhor. "Trabalho para as mesmas famílias todos os anos. Fazem questão da minha presença", disse.
PAPAI-NOEL SEM NATAL
Aposentado há quase 20 anos, Abílio Fernandes já se acostumou a não festejar a chegada do Natal no dia 24 de dezembro com a família, pois sai de casa às 22h e só retorna por volta das 3h.
"Quando trabalho em shopping, normalmente, emendo. Daí fazemos um almoço no dia 25", disse o bom velhinho de 74 anos.
"Minha noite de Natal é num táxi, acompanhado de um duende, que geralmente é um anão, um anjo violinista e uma noelete", revelou Djalma Mazzini. Porém, a família (incluindo dois filhos grandes) e os amigos já se acostumaram e sempre o esperam para a ceia já na alta madrugada.
DICAS PARA INICIANTES
Além da aparência semelhante, os candidatos a Papai-Noel precisam de muita paciência, além de gostar de crianças e ter carisma.
"Fico triste quando alguém diz que não acredita em Papai-Noel. Uma vez, inclusive, fui contratado para convencer duas menininhas que eu existia. E consegui", comemorou.
"Faço porque gosto, então não cobro nada", disse o voluntário Maurizio Fioretti, 48 anos, que é professor de química e síndico do condomínio onde mora.
Apesar de não ter barba, já foi chamado pela Associação Comercial de São Caetano, para circular em algumas ruas do município. "Não fui Papai-Noel para meus filhos, que estavam grandes, mas para meus três netos, eu faço (as vezes de bom velhinho)", comentou Fernandes.
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