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Fordinho Hot Rod com muita atitude
Por Carolina Velloso
Da Agência Hp Press
26/05/2005 | 08:45
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Donizete Costalonga abre o portão da garagem de sua casa para apresentar seu mais novo "filho", coberto por uma capa. Antes da grande revelação, ele mostra o troféu obtido no recente encontro de automóveis antigos de Águas de Lindóia, no interior de São Paulo, o maior evento estadual do ramo. Só então a capa é retirada. Logo um menino de uns treze anos pára na porta para observar o "carrinho". Quem passa na calçada não resiste e também dá uma espiadinha. O alvo de toda essa atenção é o Black Bird, nome que Costalonga deu a réplica de um Ford Roadster 1932 "Hot Rod".

Costalonga abre a porta do automóvel, entra, senta, pega a chave, olha para mim e pergunta: "Posso?" Faço um sinal positivo com a cabeça e ele dá a partida no V8 do Chevrolet Corvette com 450 cv de potência. O barulho dá um susto no garoto que se afasta da garagem. Um ajudante da oficina coloca duas tábuas de madeira atrás dos pneus, entre a garagem e a rua, para que o Black Bird saia sem raspar no chão. Já do lado de fora, ele me convida a entrar no carro e seguimos rumo ao local marcado para as fotos. O menino, refeito do susto, tenta seguir o Fordinho 32 com sua bicicleta.

Fabricação artesanal - O Black Bird foi construído pela própria equipe de Costalonga em exatos 80 dias. E não pense que é lorota. Nem que o trabalho foi moleza. Muito pelo contrário. Ele conta que montou dois turnos na oficina: um das 7h às 18h e outro das 18h às 2h30 da madrugada! "Neste período não tivemos fim de semana nem feriado", lembra.

Este Ford 1932 é chamado de "Hot Rod" por ser uma versão "tunada" do automóvel original de fábrica. Este tipo de tuning era praticado na época pelos boyzinhos americanos, que retiravam os pára-lamas, pára-choques e estribos para deixar o carro mais invocado. A réplica feita por Costalonga reproduz exatamente esta mania, porém com um toque de tecnologia dos dias de hoje.

A carroceria foi fabricada em fibra de vidro seguindo o padrão original. Mas Costalonga preferiu fazer uma capota de lata ao invés da tradicional de lona. "Assim ficou mais agressivo. Além disso, esta peça em lata serve para que eu faça um molde e produza outras em fibra", explica mostrando que a peça pode ser retirada com facilidade. A cor preto fosco foi escolhida para dar mais atitude ao Fordinho 1932. Ele conta que esta tonalidade já era utilizada na época, com o nome de "cetim".

No interior do veículo, a tapeçaria em couro creme também foi produzida artesanalmente no Brasil. O painel é de alumínio, com relógios que reproduzem os originais. O quadro que sustenta os vidros é de bronze Durval, importado dos Estados Unidos. Os faróis são no estilo tribar, considerado o mais moderno da década de 30. As lanternas são Blue Dot do Ford 1939. "Na época já se fazia isso. Os americanos que gostavam de "Hot" compravam um modelo 32 e colocavam a lanterna do 39", conta.

A grade no estilo Bob Drake e os retrovisores Ballt Specialties também são importados. As rodas aro 17' foram escolhidas minuciosamente. Os pneus são Michelin - os traseiros têm tamanho 335/35 R17 e os dianteiros, 205/35 R17. O volante é preso apenas por um pequeno parafuso, como acontece nos carros de corrida. A alavanca de câmbio é B&M. Para dar esportividade sem perder a tradição, o conjunto suspensão, motor, câmbio e diferencial é do Corvette, unido a um moderno módulo de injeção programável Tuned Port. Cabeçote de alumínio Edelbrock, comando 296 Skanderian e coletores Hedman completam o projeto.

Prêmio - Para seu dono, o Black Bird já nasceu vencedor. Ele ficou pronto um dia antes do evento de Lindóia. Pronto é modo de dizer. "Na verdade, um 'Hot' nunca está pronto. Sempre tem alguma coisinha para mexer". O prêmio de destaque recebido no evento foi um grande trunfo para Costalonga, pois os colecionadores de veículos antigos tradicionais só premiam a originalidade dos modelos. "Achei o troféu surpreendente. Eles não costumam premiar réplicas em fibra de vidro, muito menos de um Hot", comenta.

O nome Black Bird dado ao Ford 32 tem uma história bastante curiosa. Ele conta que durante a construção do carro um pássaro preto apareceu na oficina e ficou por lá durante alguns dias sem que ninguém conseguisse apanhá-lo. "Um dia fui até a cozinha e ele estava lá". Mas no dia em que o Ford 32 ficou pronto, a ave amanheceu morta. O nome foi em homenagem ao pássaro. "Na década de 30 era moda nos Estados Unidos apelidar o carro. O meu também tinha de ter um nome. Black Bird".




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